A preocupação com os casos de depressão, em paralelo com o uso de drogas psiquiátricas tem crescido vertiginosamente nas últimas décadas, tornando a depressão uma das principais preocupações dos Sistemas de Saúde. O termo epidemia de depressão é cada vez mais utilizado para designar esse fenômeno. Entretanto, pesquisas robustas sugerem que esse fenômeno possa ser uma consequência do modelo dominante de abordagem em Saúde Mental, o modelo biomédico em psiquiatria, que converte experiências de sofrimento comuns a vida em transtornos, sem o aprofundamento nas causas que levaram a esse sofrimento, inflacionando a demanda por assistência e o uso de drogas psiquiátricas. Esse modelo é reproduzido por diferentes fontes de informação, e os Inquéritos Nacionais é um deles. Sabe-se que a produção de informações atende a demandas e necessidades construídas, que irão reproduzir e sustentar o paradigma dominante como conhecimento. Constitui-se assim um círculo fechado de produção de dados, conhecimento, evidencias científicas que demandam outros dados, que demandam intervenções e assim sucessivamente. Diante disso, cabe questionar que tipo de dados, informações e conhecimentos são produzidos em Saúde Mental nos Inquéritos de Saúde e qual o paradigma orienta a construção desses Inquéritos. Esta pesquisa trata de analisar uma das fontes de informação mais relevantes para o estudo de questões epidemiológicas e seus determinantes: Os Inquéritos Populacionais em Saúde. Especificamente, analisase o tipo de modelo de abordagem presente nos Suplementos de Saúde das Pesquisas Nacional de Amostra por Domicílio e na Pesquisa Nacional de Saúde. Estuda-se a Política Nacional em Saúde mental, sua demanda de dados e presença/ausência nos Inquéritos em Saúde. O estudo é de base qualitativa já que seu objetivo é analisar as perguntas desde a perspectiva da Sociologia das Estatísticas.
SANTOS, Pâmella Caroline Vieira. Análise do paradigma dominante nas questões de Saúde Mental dos Inquéritos Nacionais de Saúde no Brasil. 2018. 91 f. Dissertação (Mestrado em Informação e Comunicação em Saúde)-Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2018.