Esta pesquisa tem como objetivo caracterizar a produção científica sobre a saúde de mulheres lésbicas a partir de métodos bibliométricos, buscando compreender a dinâmica de produção de conhecimento sobre a temática e desvelar as maneiras pelas quais a ciência tem abordado a saúde desse grupo social. Utiliza como método a pesquisa bibliométrica, com caráter exploratório e descritivo, e abordagem quali-quantitativa, tendo como objeto de análise publicações científicas recuperadas a partir de pesquisas nas fontes de informação Scopus e Web of Science. Apresenta uma reflexão sobre a construção dos discursos sociais sobre as lésbicas, traçando um panorama histórico sobre a homoafetividade feminina no mundo ocidental, da Antiguidade aos dias atuais. Aborda os três principais paradigmas que direcionaram os discursos coletivos sobre as relações entre mulheres, são eles: o discurso religioso, o discurso médico e o político. Apresenta os estudos métricos da informação, suas origens, métodos, funcionalidades e principais aplicações. Os resultados demonstram que a saúde das mulheres lésbicas é um tema pouco explorado no Brasil, e apontam uma produção científica ainda incipiente, fruto de uma comunidade científica pouco estruturada. O panorama traçado através das publicações evidencia a tendência universalizante da abordagem da ciência sobre o tema, onde as especificidades em saúde da população lésbica são tratadas de maneira tangencial. Recomenda, por fim, o fortalecimento e estruturação da produção de dados e estudos científicos voltados para a saúde de mulheres lésbicas, bem como o envolvimento das esferas político-institucionais no estímulo aos esforços científicos voltados ao tema, por meio de editais e iniciativas de fomento.

Autor: Raquel da Silva Teixeira | Ano: 2023
  • Homossexualidade Feminina
  • Minorias Sexuais e de Gênero
  • Publicações Científicas
  • Bibliometria

Durante a pandemia da COVID-19, as desigualdades no acesso aos serviços de saúde desenvolveram-se para a propagação da doença no país, consequentemente fazendo com que o Estado do Rio de Janeiro registasse uma maior taxa de letalidade em comparação com outras unidades da federação do Brasil. Os desafios para obtenção de leitos e respiradores por parte da rede pública geraram inúmeras distorções e críticas em relação à distribuição dos recursos necessários, contribuindo para o cenário caótico vívido nos momentos de auge da epidemia no país. Este estudo teve como objetivo analisar como a pandemia impactou o acesso aos serviços de saúde e suas relações com as desigualdades na acessibilidade geográfica no estado do Rio de Janeiro em suas diferentes regiões de saúde entre os anos de 2020 e 2022. Trata-se de um estudo ecológico a fim de analisar como as desigualdades impactaram o acesso aos serviços de saúde a partir dos fluxos para internacionais e como foram evidenciadas pela pandemia da COVID-19. Para isso foram feitas revisões bibliográficas e análises de volumes de internações e fluxos para atendimento hospitalar nas Regiões de Saúde e municípios. Os resultados apontam que as desigualdades já existentes foram ampliadas com a pandemia da COVID-19, já que a procura pela atenção se estendeu à maioria dos municípios, por leitos clínicos e de terapia intensiva. Percebe-se que muitos municípios do Estado do Rio de Janeiro não possuem uma rede própria com recursos suficientes para oferecer a melhor qualidade de assistência em saúde. Conclui-se, portanto, que apesar dos avanços no processo de regionalização aos longos dos últimos anos, o estado do Rio de Janeiro carece de debates e políticas mais focadas na redução das desigualdades em saúde. Além disso, destaca-se que a pandemia da COVID-19 trouxe uma reflexão sobre uma integração fundamental de políticas públicas em saúde dos três entes federados (Governo Federal, Estados e Municípios), alterando medidas estratégicas para garantir o acesso à saúde de maneira integral e minimizando danos protetores as doenças emergentes e reemergentes.

Autor: Rafael Francisco Teixeira | Ano: 2023
  • covid-19
  • Desigualdades
  • pandemia
  • Regionalização do Sistema Único de Saúde
  • Síndrome Respiratória Aguda Grave

Esta dissertação busca analisar como os programas Fantástico (TV Globo) e Domingo Espetacular (Record TV) construíram a ciência na cobertura sobre as vacinas da covid-19, considerando a acirrada disputa por sentidos num ambiente comunicacional marcado pelo intenso fluxo de informações, pluralidade enunciativa e polarização política. Uma das mais importantes estratégias para o enfrentamento da doença, as vacinas se tornaram também um dos alvos mais frequentes de informações enganosas que proliferaram na pandemia. Nesse contexto, estabelecemos como objetivos específicos mapear como a ciência, suas instituições e atores foram construídos no Fantástico e no Domingo Espetacular; analisar as relações tecidas entre o discurso científico e outros discursos; e caracterizar como os programas se posicionaram em relação à ciência e aos seus espectadores na cobertura sobre as vacinas da covid-19. Em nossa grade de análise, estabelecemos uma aproximação entre os modos de endereçamento no telejornalismo, propostos por Itania Gomes (2011), e a análise do dispositivo de enunciação, na perspectiva da Semiologia dos Discurso Sociais, principalmente as contribuições de Eliseo Verón (2004) e Milton Pinto (2002). Entre os principais resultados da análise das matérias veiculadas entre março de 2020 a agosto de 2021, destacamos as diferenças entre os dois programas, embora ambos tenham sido favoráveis às vacinas e à ciência. No Domingo Espetacular predominou a ênfase na associação da ciência com a esperança, a mobilização dos cientistas e a velocidade acelerada das pesquisas de vacinas, caracterizando uma ciência quase sem atritos internos ou externos, silenciando inclusive a intensa disputa política envolvendo o governo de São de Paulo e o então presidente Jair Bolsonaro O Fantástico também associou a ciência com a esperança, mas enfatizou a necessidade de cautela. Na tensão entre a urgência da pandemia e a necessidade de garantir a segurança e a eficácia das vacinas, mereceram destaque a metodologia científica e o conflito entre o campo científico e interesses políticos e empresariais, em explícita oposição às medidas do governo Bolsonaro.

Autor: Maira Margarida Troina Menezes Gondim | Ano: 2023
  • Telejornalismo
  • Ciência
  • Vacinas
  • covid-19

A presente dissertação tem como objetivo iniciar um debate sobre a ausência de políticas de comunicação em saúde e dos estudos preocupantes à saúde do homem negro. Para tanto, verifica-se a ocorrência das discussões de gênero no contexto do Sistema Único de Saúde, com ênfase em ações que fazem parte do escopo da saúde pública e coletiva, como a Política de Saúde Integral da População Negra e a Política Nacional de Saúde do Homem. Nessa perspectiva, torna-se fundamental a purificação dos conceitos de “masculinidade hegemônica” e “masculinidades subalternizadas” para que seja possível, então, compreender o advento e a localização no imaginário social das masculinidades negras. Isto posto, intui-se verificar suas especificidades enquanto grupo social, de modo a localizá-lo no âmbito das disputas de poder que, atravessadas pelo racismo, pelo sexismo e pelo classicismo, conferem a esses sujeitos o esquecimento nas ações de saúde de organizações de promoção de políticas públicas, contribuindo, assim, com a ocorrência das manifestações da Necropolítica, apresentadas por Mbembe, do Racismo Estrutural, conceituado por Silvio de Almeida e, principalmente, do Genocídio do negro brasileiro proposto por Abdias do Nascimento. Foi, portanto, realizada a coleta de dados por meio do levantamento nos acervos do Portal de Periódicos da CAPES e do Banco de Recursos Audiovisuais em Saúde da VídeoSaúde. Dessa forma, analisamos, de forma crítica, os itens que abordamos em coerência com o tema da promoção à saúde do homem negro brasileiro e que possibilitaram levar à compreensão dos esforços realizados para alcançar esse grupo. Os resultados obtidos por meio do levantamento demonstram, porém, uma grande lacuna na produção acadêmica sobre o tema. Com isso, a pesquisa foi redesenhada, pautando-se na Metodologia da Problematização de Berbel e na análise de dados. Desse jeito, buscou-se compreender – com base na experiência da construção da pesquisa – como a saúde do homem negro é vista pela saúde pública brasileira. Constatou-se, assim, a negligência e a ausência de propostas de soluções a fim de corrigir os problemas existentes. Além disso, evidencia-se o potencial das ferramentas de busca, que traz a invisibilização de dados étnicos minoritários e os efeitos deletérios causados ​​pela interseccionalidade entre raças, gênero e classe em um país que celebra a falácia da democracia racial.

Autor: Thamires Gonçalves Pinto | Ano: 2023
  • Políticas de Saúde
  • Saúde do Homem
  • Estudos de gênero
  • Racismo
  • Masculinidade

O presente estudo teve como objetivo identificar as percepções dos pesquisadores quanto aos metadados de proveniência necessários para o reuso de dados de pesquisa de COVID-19. A metodologia consistiu na pesquisa bibliográfica em fontes de informação nacionais e internacionais que forneceu as bases teóricas da pesquisa e foi realizado um mapeamento das diretrizes internacionais para padrão de metadados para dados de pesquisa nas iniciativas internacionais Fairsharing (https://fairsharing.org/), Digital Curation Centre (DCC) (https://www.dcc.ac.uk/ ) e Research Data Alliance (RDA) (https://www.rd-alliance.org/), permitindo identificar os padrões de metadados utilizados na pesquisa em COVID-19 e a mapear as principais diretrizes apontadas na literatura para o tema. Foi elaborado instrumento de coleta de dados (questionário online) para verificar quais os padrões de metadados de proveniência apoiam os pesquisadores no reuso dos dados em COVID-19. Foram analisados os dados bibliográficos, as pesquisas dos repositórios, a percepção dos pesquisadores obtidos através do instrumento de coleta para identificar os padrões de metadados de proveniência que podem ser utilizados nas pesquisas sobre COVID-19. Verificou-se que realmente só temos padrões para determinada área ou campo de conhecimento e não diretrizes internacionais gerais. Constatou-se que que há um consenso por parte dos respondentes nas questões da importância da informação sobre tema ou palavra-chave; licença de uso, coletor de dados e preservação dos dados a longo prazo por parte dos repositórios, quanto aos metadados de proveniência necessários para o reuso dos dados de pesquisa em Covid 19.

Autor: Anderson Silva de Araujo | Ano: 2023
  • Padrões de metadados
  • covid-19
  • dados de pesquisa
  • Princípios FAIR

Esta pesquisa nasceu com o objetivo de compreender a dimensão comunicacional das redes de apoio que as mulheres acionam e constituem para lidar com saúde mental em meio à pandemia. Em crises sanitárias, as mulheres estão entre os grupos mais vulneráveis aos impactos das desigualdades sociais, que se materializam em situações como maior dificuldade de acesso à saúde, exposição acentuada às violências visíveis ou não, desemprego, fome, perda de renda, sobrecarga decorrente das jornadas múltiplas de trabalho e ataques aos direitos conquistados anteriormente (Beauvoir, 1949). Este cenário é propício à produção de sofrimento psíquico e adoecimento das mulheres, por aumentar as vulnerabilidades e precarização da vida (Butler, 2011). Historicamente silenciadas, subalternizadas e violentadas de múltiplas formas, as mulheres sofrem com a negação de direitos e com diversas formas de silenciamento. De modo particular, as mulheres que convivem com sofrimento psíquico vivenciam o estigma e a deslegitimação das suas falas. Neste contexto, vemos o direito à comunicação como parte fundamental do direito à saúde, com duas dimensões: direito a informação e direito a voz (Araujo; Cardoso, 2007). Adotamos a perspectiva teórica de Araujo (2002) pela qual a comunicação opera como um espaço e um processo no qual e pelo qual as pessoas em diferentes posições sociais produzem sentidos, os fazem circular e deles se apropriam. Logo, o direito à comunicação é atravessado e demarcado por disputas simbólicas e negociações constantes. Adotamos o conceito de lugar de interlocução (Araujo, 2002), como eixo conceitual-metodológico para estudar as dimensões comunicacionais deste projeto, considerando que a distribuição do poder de fala é móvel e que uma pessoa pode se enquadrar em mais de um lugar, de acordo com seus contextos sociais, situacionais, institucionais e pessoais. A comunicação é, por esta via, um recurso central para a garantia de outros direitos que, no caso das mulheres, estão relacionados a como elas podem constituir e acionar suas redes de comunicação sobre cuidado para lidar com a saúde mental em meio à pandemia. A metodologia incluiu conversas individuais e coletivas com 8 mulheres que se identificam como cuidadoras parentais informais em saúde mental e vivenciaram alguma experiência em saúde mental, residentes em quatro cidades: Rio de Janeiro (RJ), Natal (RN), Salvador (BA) e Criciúma (SC). Nas rodas de conversa, experimentamos uma metodologia inclusiva, a partir da escuta e da perspectiva do protagonismo das mulheres, com base numa epistemologia decolonial, considerando-as participantes da pesquisa como coprodutoras do conhecimento produzido. Concluímos que as redes de comunicação e cuidado em saúde mental podem, em um primeiro momento, nascer como um braço das instituições de saúde, dentro dos Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) ou de projetos de extensão, mas se organizam e multiplicam de forma dinâmica. A comunicação é basilar na constituição, organização, compartilhamento e multiplicação dessas redes. As mulheres acionam redes ou são convidadas a participar delas por meio da indicação de amigas, conhecidas, familiares, chegam até às redes por meio do acesso à educação, do contexto profissional ou da militância, ou descobrem as redes guiadas pela necessidade de cuidar. Juntas, acabam criando e fortalecendo laços de amizades com outras mulheres também estão em situação de abandono pelo Estado, pelas famílias e são invisibilizadas pelas políticas públicas, ganham força, pela troca de conhecimentos, pela possibilidade de acessar determinados lugares e lutar pelo direito à comunicação. As redes de apoio são lugares em que essas mulheres trocam informações, compartilham referências de livros, vídeos, cartilhas, eventos e munidas dessa informação, conseguem sair um pouco da periferia discursiva na busca por posições mais centrais nos espaços em que elas transitam.

Autor: Bruna Martins Oliveira | Ano: 2023
  • Comunicação e Saúde
  • Saúde Mental
  • Iniquidade de gênero
  • Redes de Apoio Social
  • covid-19

As novas tecnologias de informação e comunicação permitem o acesso, a produção e o compartilhamento de informações em qualquer tempo e lugar, sobre vários assuntos. Elas quebrando as barreiras físicas e geográficas, além de proporcionarem novas práticas sociais, políticas e econômicas. A saúde é uma das áreas em que há maior interesse dos usuários. Muitas informações de saúde estão incorretas, incompletas ou incompreensíveis. A avaliação da qualidade da informação de saúde disponível na internet é uma das formas de combater este problema. Este trabalho teve como objetivo a construção de um instrumento de avaliação da acurácia da informação em sites de saúde que tratam dos acidentes com escorpião, orientado pela “Medicina Baseada em Evidências”, com o auxílio do Dynamed: um ambiente virtual que oferece informações baseadas em evidencias , atualizados e com qualidade, facilmente localizáveis ​​em um banco de dados de referência mundial. Além disso, avaliamos objetivamente o site de acidentes com escorpião disponível no portal “Saúde A a Z” do Ministério da Saúde por meio da aplicação de nosso instrumento. O escorpionismo foi escolhido por ser um agravo que apresenta notável expansão em sua distribuição espacial no Brasil nos últimos anos. O instrumento construído é composto por 21 indicadores abancando a prevenção, o diagnóstico, os sintomas e o tratamento de acidentes com escorpiões. Os resultados da utilização deste instrumento de avaliação da precisão da informação revelaram um índice de 38% de conformidade entre as informações disponíveis no site do Ministério da Saúde, e aqueles presentes na ferramenta por nós apresentados. Discutimos ainda, os aspectos positivos do portal do Ministério da Saúde em seu formato atual, e apontamos as barreiras enfrentadas na qualidade da informação sobre acidentes com escorpiões, trazendo ainda os riscos específicos oferecidos à sociedade, e como a incorporação de esforços em prol do aprimoramento da acurácia da informação sobre os acidentes escorpiônicos pode contribuir positivamente com o atual cenário epidemiológico do escorpionismo no Brasil.

Autor: Fabiana de Azevedo Soares | Ano: 2023
  • Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
  • Avaliação da Qualidade da Informação em saúde
  • Desordem informacional
  • Medicina baseada em evidência
  • Indicadores de Acurácia
  • Acidentes por escorpião
  • Ministério da Saúde

Hoje, as novas tecnologias de informação e comunicação estão presentes na maioria das atividades realizadas por grande parte da população mundial. Elas permitem que seja encontrada e compartilhada uma grande variedade de informações sobre praticamente qualquer assunto, em qualquer tempo e lugar. Como consequência, a forma com que lidamos com diferentes aspectos da vida, inclusive a saúde, tem sido afetada pelas informações obtidas e compartilhadas nas mídias digitais. No entanto, o atual cenário informacional está repleto de problemas. Um deles é a qualidade da informação. Alguns autores têm dedicado sua atenção à avaliar a qualidade da informação disponível em sites de saúde. Esta dissertação tem como objetivo geral construir indicadores para avaliar a acurácia da informação em sites de HPV, uma das infecções sexualmente transmissíveis mais prevalentes no mundo. Em termos de objetivos específicos, seleciona a fonte de informação baseada em evidência a ser utilizada para a construção dos indicadores, identifica as evidências científicas mais atuais sobre HPV e apresenta instrumento capaz de auxiliar a construção e/ou alteração de sites de HPV, de forma que estes apresentem informações que estejam em conformidade com as evidências científicas mais atuais. A metodologia aplicada para a construção dos indicadores de acurácia constitui-se de seis etapas e baseia-se na Medicina Baseada em Evidências. Como resultado, foram construídos 25 indicadores, abarcando as dimensões de Prevenção e controle, Transmissão, Diagnóstico, Sintomas e Tratamento. Esta dissertação realiza ainda um diálogo com outros trabalhos brasileiros de avaliação da qualidade da informação em sites de HPV. Ela fornece uma indicação de como os indicadores construídos podem ser aplicados e apresenta duas iniciativas recentes de combate à desordem informacional. Trata-se de um estudo que oferece uma contribuição ao necessário combate à desordem informacional. Espera-se que este tema ganhe cada vez mais atenção acadêmica e social.

Autor: Julie Soares de Moraes Peixoto | Ano: 2023
  • Avaliação de sites
  • Qualidade da Informação
  • Desordem informacional
  • Medicina baseada em evidência
  • Alphapapillomavirus

O mundo do trabalho dos profissionais das plataformas de petróleo é complexo, envolve diversos riscos e conta com muitos esforços para redução de acidentes. Contudo, os mesmos ainda acontecem. A comunicação é um dos elementos utilizados para a melhoria das condições de segurança e vai além do binômio produção e recepção de conteúdo, na qual não basta somente produzir materiais e campanhas de segurança com foco no comportamento dos indivíduos. O processo é muito mais complexo, existindo diversas medições socioculturais envolvidas e que se inter-relacionam. Neste contexto, investigou-se a produção de sentidos dos trabalhadores das plataformas de petróleo na Bacia de Campos, relacionados à segurança, por meio da aplicação empírica do mapa metodológico de Jesús Martín-Barbero. Para se chegar aos sentidos construídos, foi-se a campo entrevistar os profissionais embarcados que realizavam atividades operacionais e estavam expostos aos riscos do seu ambiente. Suas falas foram consideradas como representação dos discursos do grupo, compreendidas à luz da teoria do Discurso do Sujeito Coletivo. Concluiu-se que os próprios sujeitos atribuem a si a culpa pelos acidentes, influenciados pela cultura de responsabilização ainda presente, que se materializa nas práticas, ações e discursos. Como alternativa, os trabalhadores revelam a importância dos espaços de escuta e expressão como essenciais para a construção de ambientes cujo foco seja a promoção da saúde e a prevenção de acidentes.

Autor: Silvia Alves de Sousa | Ano: 2022
  • Comunicação
  • Mediação Sociocultural
  • Segurança do Trabalhador
  • Saúde do Trabalhador
  • Estudo de Recepção

A pesquisa teve o objetivo de analisar o lugar de interlocução das organizações populares em ações de comunicação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) direcionadas à população moradora de favelas e periferias durante a ocorrência de epidemias. A análise dessas ações apoia-se na premissa de que os modelos que vieram forjando o campo da Comunicação e Saúde desde o século XX, especificados nas abordagens informacionais (transferenciais, lineares, verticais e monológicas); nas abordagens filiadas à epistemologia freireana (de natureza dialógica e horizontal); e nas apoiadas nas teorias da produção social do sentido, que valorizam a multiplicidade de vozes (polifonia) e os contextos dos sujeitos na cena social. A partir deles, visa identificar essas abordagens nas ações de comunicação empreendidas pela instituição durante a pandemia de Covid-19 em 2020 e se estas evidenciam uma continuidade ou apontam para a emergência de novas práticas e processos em comparação ao que foi feito durante as epidemias de Dengue (2008) e Zika (2015), na interlocução da Fiocruz com os referidos atores sociais, no Rio de Janeiro. Com isso, também se pretendeu contribuir para a memória sobre práticas de comunicação voltadas para enfrentamento de crises sanitárias, sob o signo de uma perspectiva democrática de comunicação, que leve em consideração os princípios da participação e da equidade, dois entre os que fundamentam o Sistema Único de Saúde.

Autor: Luiza Gomes Henriques | Ano: 2022
  • Comunicação e Saúde
  • Comunicação e políticas públicas
  • Participação popular
  • Comunicação institucional

O presente trabalho é uma análise de documentos imagéticos publicados pelo Ministério da Saúde do Brasil, entre os anos de 1988 e 2020, tendo como marco a publicação da Portaria MS/GM nº 1.060/2002 que criou a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência. A fim de entender o conceito de deficiência que informa os cartazes veiculados em campanhas nacionais de saúde e como o governo brasileiro o representa em sua comunicação, foram analisadas as imagens neles inscritas, especialmente à luz da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. A partir do levantamento realizado, no entanto, chegou-se a um resultado negativo, não tendo sido encontrado, dentro do período inicialmente proposto, entre os anos de 2003 e 2016, nenhum cartaz publicado pelo Ministério da Saúde sobre a deficiência que retratasse alguma campanha específica ou que sequer contivesse pessoas com deficiência. Desta forma, a título de se verificar a profundidade dessa ausência, aumentou-se o recorte de pesquisa, chegando-se a um resultado de cinco cartazes, embora nenhum fosse fruto de campanhas de saúde específicas sobre deficiência. A análise dos cartazes encontrados e de seus signos, portanto, com o olhar da comunicação visual e da fotografia, foi capaz de demonstrar que a deficiência é ainda um tema pouco debatido e estudado, mesmo em um país com quase 20 milhões de pessoas nessa condição, o que reforça uma realidade social excludente, onde a pessoa com deficiência parece ser diferente das demais, anormal, invisível.

Autor: José Carlos Mendes Moreira Xavier | Ano: 2022
  • Deficiência
  • Invisibilidade
  • Iniquidade
  • Comunicação visual
  • Campanhas de saúde

A deficiência não está limitada a uma minoria. É uma experiência que pode ser vivida ao longo da vida das pessoas. Entender que a deficiência é algo passível a todos, levanta a questão da necessidade de elaboração de políticas públicas que propiciem uma sociedade mais sensível à diversidade e as necessidades desse grande contingente populacional. Nesse sentido, a produção de dados sobre a deficiência é de intensa importância, pois favorece a criação de informações que posteriormente se transformarão em conhecimento para o planejamento de ações. O Censo Demográfico, por seu caráter universal, é a principal fonte de informação sobre a deficiência no país. O objetivo geral desta dissertação foi analisar a produção de informação sobre a deficiência nos Censos Demográficos do Brasil e sua relação com as recomendações internacionais. Este trabalho foi baseado numa metodologia de revisão de literatura do tipo narrativa, além de análise dos instrumentos de avaliação da deficiência nos Censos. Entre os resultados deste estudo está a demonstração da heterogeneidade conceitual e de captação da deficiência entre as fontes de informação, o que afeta diretamente a prevalência de pessoas com deficiência. Também se mostrou a notável importância dos Censos Demográficos. Essa fonte está em em consonância com as recomendações internacionais, entretanto, nesta pesquisa se observou a variabilidade de perguntas sobre deficiência realizadas nos censos latinoamericanos. Essa variabilidade limita a comparabilidade entre países. Na discussão se mostra a necessidade de haver uma efetiva comunicação entre os órgãos governamentais produtores desses dados/informações e especialistas no tema da deficiência no intuito de potencializar os resultados de modo a propiciar melhorias nas aquisições de direitos e qualidade de vida das pessoas que vivem com deficiência.

Autor: Iris Nascimento de Souza | Ano: 2022
  • Pessoas com deficiência
  • Censos demográficos
  • Inquéritos Epidemiológicos
  • Classificação Internacional de Funcionalidade
  • Incapacidade e Saúde

A saúde pública é intensiva em conhecimentos tecnocientíficos, por conseguinte, em pesquisa científica, seja para o desenvolvimento de novos fármacos, imunobiológicos, terapias e testes diagnósticos, seja para a proposição de políticas públicas e novas formas de organização e ampliação do acesso à saúde das populações. Nas últimas décadas a pesquisa tecnocientífica em saúde tem sido caracterizada pela formação de grandes redes de pesquisa transnacionais e interinstitucionais, financiada por intermédio do consórcio de fundos públicos e privados, além da intensificação de instrumentação científica especializada, de grande porte e multiusuário. Também importante marca é a pressão para a aceleração da produção de resultados e sua transferência para o setor farmacoquímico, de equipamentos médicos e odontológicos e para os sistemas de saúde nacionais. Esta estratégia de pesquisa elevou os custos da atividade e implica no uso de ferramentas de gestão para coordenação do trabalho de grandes equipes. Dessa forma, um dos efeitos mais salientes é a busca por estratégias de gestão de projetos desenvolvidas inicialmente e amplamente empregadas pelos setores industrial e comercial. Este movimento redundou no desenvolvimento de pacotes de gestão de projetos de pesquisa tecnocientífica, transformando-a em temática de pesquisa, de publicações científicas e eventos acadêmicos. Consideramos, para os efeitos dessa pesquisa, que esses pacotes e a produção científica sobre o tema embutem concepções de tecnociências e da pesquisa tecnocientífica e de suas relações ideais com o mercado. Sendo assim, o objetivo desse estudo é construir um mapa analítico preliminar das concepções de ciência e pesquisa tecnocientífica presentes na análise e na proposição de modelos de gestão de projetos, presentes em grupos de pesquisa nacionais na área de saúde, presente em artigos científicos publicados em dois reconhecidos periódicos nacionais entre os anos de 2004 e 2021.

Autor: Everson Justino Pereira | Ano: 2022
  • Pesquisa Científica em Saúde
  • Gestão de Projetos
  • Tecnociência
  • Ciência de Mercado

Esta dissertação tem como objetivo analisar a produção científica sobre arquitetura da informação em ambientes informacionais digitais em saúde. A relevância desse estudo está na possibilidade de auxiliar na organização, rotulação, navegabilidade e busca de informações em ambientes informacionais digitais na área da saúde bem estruturados para que os vários tipos de usuários possam acessar os conteúdos e interagir com o ambiente digital de forma intuitiva, fácil e clara. A metodologia utilizada segue as recomendações da JBI para revisão de escopo e as orientações do checklist Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR). Os grupamentos temáticos que formam o anagrama PCC são: ambientes informacionais digitais/ Web – Internet; arquitetura da informação e saúde/ tecnologias de informação e comunicação em saúde. A estratégia de busca para MEDLINE/PubMed foi escolhida como principal e enviada por uma Bibliotecária para avaliação no PRESS Forum. A busca foi realizada no dia 15 de abril de 2022 em nove fontes de informação, a saber: BRAPCI (Universidade Federal do Paraná – UFPR – e Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS); CINAHL with full text (EBSCO), EMBASE (Elsevier); ISTA (EBSCO); LISTA (EBSCO); LILACS (BIREME/OPAS/OMS); MEDLINE/PubMed (NCBI/NLM); Scopus (Elsevier), Web of Science (Clarivate Analytics). Foram recuperados 1358 registros e todo passo a passo foi descrito no fluxograma PRISMA-ScR. 74 registros foram para leitura de texto completo e apenas 6 atenderam aos critérios de inclusão. Os resultados foram apresentados em gráficos, quadros e tabelas e para o mapeamento e caracterização dos resultados foram elaboradas planilhas em Excel. Conclui que os sistemas de arquitetura da informação são estudados até hoje; que os ambientes informacionais digitais mais estudados na área da saúde são sites, bases de dados e bibliotecas virtuais, também tratados como recursos de conhecimento da área da saúde. O local de publicação que mais publica é o Brasil. E sobre os títulos dos periódicos, 5 títulos cobrem as áreas de Ciênca da Informação e Biblioteconomia. A principal lacuna de conhecimento é a falta de estudos sobre outros objetos de TICs em saúde, como aplicativos para mHealth.

Autor: Diana Amado Baptista dos Santos | Ano: 2022
  • Arquitetura da informação
  • Ambientes informacionais digitais
  • Internet
  • Saúde
  • Revisão de escopo.

A pesquisa possui como temática a análise da produção científica nacional em saúde e promove uma aproximação entre a Ciência da Informação e a Hansenologia brasileira. A hanseníase é uma doença negligenciada que permanece com níveis consideráveis de endemicidade no Brasil, sendo carregada de estigmas e com potencial de causar severas sequelas incapacitantes. Objetivou-se cartografar a produção científica sobre hanseníase publicada entre os anos 2001 e 2020 referidas nos currículos Lattes dos líderes e vice-líderes dos grupos de pesquisa das Ciências Biológicas e das Ciências da Saúde, atualizados e certificados no Diretório de Grupos de Pesquisa. Através dos Estudos Métricos da Informação, os 49 grupos de pesquisa selecionados foram analisados quanto à sua distribuição temporal e distribuição geográfica. Os artigos sobre hanseníase de autoria dos líderes e vice-líderes foram avaliados nos quesitos tipologia documental, ano de publicação, país de origem dos periódicos, título do periódico, instituição de origem do autor (líder/vice-líder) e, com base nos descritores indexados para indicar o tema das publicações. Por fim, foi verificado quais descritores mais ocorreram. O Nordeste se destacou como a região do país que mais concentrou grupos de pesquisa e a Universidade Federal do Ceará como a instituição com a maior participação em publicações. Entretanto esse resultado é reflexo da metodologia empregada na seleção dos grupos de pesquisa e das publicações dos líderes e vice-líderes.

Autor: Carolina Rodrigues Barreiros da Silva | Ano: 2022
  • Hanseníase
  • Estudos métricos da informação
  • Produção científica.

Partindo de uma questão de saúde pública, o suicídio, e de campanhas de saúde brasileiras, a Setembro Amarelo e a Janeiro Branco, foram analisadas 118 páginas veiculadas no jornal O Globo nos meses de setembro de 2014 e de 2020 e de janeiro de 2015 e de 2021 sob a perspectiva interdisciplinar da Comunicação & Saúde, encontradas a partir dos descritores de busca “suicídio” e “saúde mental”. Os marcos legais, a Reforma Sanitária e a Reforma Psiquiátrica brasileiras deram contorno à definição do suicídio enquanto uma questão de saúde pública que pode ser prevenida. As estratégias de comunicação e de informação foram vistas pelos limites, esgotamentos e silêncios nas formas de “fazer ver” o suicídio. Perguntas sobre as contribuições da Comunicação & Saúde guiaram a análise de mediações, de eixos narrativos e da circulação de sentidos reconhecidos nas páginas do jornal O Globo. E, com o objetivo de imaginar uma posição antimanicomial para o suicídio na interface Comunicação e Informação em Saúde, as práticas e os processos de comunicação foram colocados em questão pelas suas contribuições ao cuidado em saúde diante do suicídio.

Autor: Carolina Resende Gonçalves | Ano: 2022
  • Suicídio
  • Saúde mental
  • Comunicação & Saúde
  • Campanhas de saúde.

As novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs) estão se tornando uma parte indispensável do cotidiano do todos nós. Apesar das vantagens que apresentam, as NTICs também podem promover alguns problemas, entre eles a nomofobia: a angústia e o medo de se tornar incomunicável ao se separar do smartphone ou ficar sem o acesso à internet. Alguns autores no mundo têm se dedicado a compreender melhor esse fenômeno social. Yildirim e Correia (2015) desenvolveram uma ferramenta que identifica os níveis de nomofobia. Trata-se do Nomophobia Questionnaire (NMP-Q) que encontra-se em ampla circulação, adaptação e critica no meio acadêmico internacional. A questão que orienta o desenvolvimento da pesquisa, que se transformou nessa dissertação, visa compreender em que medida a nomofobia pode estar associada ao isolamento social proposto como medida preventiva à COVID-19. O link do Nomophobia Questionnaire (NMP-Q), traduzido para o português, foi disponibilizado no Google Forms e compartilhado nas redes sociais (Whatsapp, Facebook e Instagram). Ele foi acompanhado por outras perguntas que visavam introduzir diferentes variáveis na análise. Duzentos e vinte e dois participantes responderam ao questionário entre dezembro de 2020 e abril de 2021. Os resultados indicam que o isolamento social interferiu no aumento da incidência de nomofobia, sobretudo na população de 20 a 29 anos e de 50 a 59 anos, universitários ou com pós-graduação e com 10 a 20 salários-mínimos. Trata-se de uma investigação exploratória preliminar sobre um problema presente na vida de muitos de nós. Nosso principal objetivo com este trabalho foi incentivar a produção acadêmica brasileira sobre o tema e sugerir questões para uma possível agenda de pesquisa

Autor: Dayana Boechat de Marins | Ano: 2021
  • Transtorno de Adição à Internet
  • Pandemias
  • Uso do Telefone Celular: efeitos adversos

Considerando a existência de diferentes modos de lidar com a relação entre saúde e doença, é esperado que diferentes perspectivas do que seria considerado saudável se transformem e se adaptem conforme os contextos os quais se inserem. Todavia, diante de um cenário pandêmico, o que esperar de uma alimentação saudável determinada por blogueiras fitness, apresentadoras de televisão, jornalistas, representantes religiosos, no lugar de nutricionistas e demais profissionais da Nutrição? Perante a iminência do novo coronavírus, que se multiplica e adoece rapidamente populações inteiras, a exposição e determinação do que seriam práticas saudáveis por vozes alheias ao campo científico configura motivo de preocupação em termos de saúde pública, ao ser capaz de popularizar intervenções não comprovadas cientificamente. Dessa forma, conduzidos pela questão \201Ccomo a alimentação saudável tem sido determinada pelos principais sentidos postos em circulação no contexto da pandemia de Covid-19, a partir das obras midiáticas com maior popularidade no Youtube?\201D, neste trabalho adentramos no espiral anacrônico e sincrônico da circularidade cultural em torno da alimentação saudável, para capturarmos e trazermos à luz como diferentes significações e sentidos, por vezes, se camuflam diante de tantas informações e vozes.

Autor: Raíssa Vieira Ribeiro Ramos | Ano: 2021
  • Dieta Saudável
  • Equidade
  • covid-19

A presente dissertação foi inspirada e formulada em paralelo à implantação da pesquisa da Rede de Pesquisas Clínica e Aplicada em Chikungunya (Replick), coordenada pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) que busca, dentre outros objetivos, estabelecer a História Natural da Chikungunya. Enquanto uma doença re-emergente, e com características próximas às doenças negligenciadas, a Chikungunya propicia a identificação única de um cenário de interação e coprodução de conhecimento entre especialistas e leigos, em busca de estratégias e soluções para o manejo da doença. Nesse sentido, o comprometimento da Replick com o engajamento do sujeito na pesquisa é colocado como central, ressaltando tanto as dimensões éticas e da centralidade do sujeito, trazendo contribuições fundamentais para melhores resultados de cuidado integral em saúde. O foco desta pesquisa está na busca por estratégias que deem voz aos sujeitos, possibilitando que a clínica da doença seja explicitada e construída junto com a descrição da vida de cada um dos sujeitos, para que seja possível a construção da história social da doença para além da natural. Nesse sentido, parte-se do conceito de narrativas médicas e do sujeito da pesquisa, seu entrelaçamento com a construção social da doença e, por meio de uma imersão na literatura cientifica, busca-se identificar se e como essa estratégia pode ser utilizada na Replick e em demais pesquisas biomédicas e ensaios clínicos, de forma a propiciar a construção de uma memória da Chikungunya a partir das narrativas dos pacientes participantes da pesquisa clínica.

Autor: Thais Pucu Neves | Ano: 2021
  • Vírus Chikungunya
  • História Natural das Doenças
  • Memória

A epidemia do Zika vírus que irrompeu no Brasil nos anos recentes trouxe à luz, junto com inúmeros desafios para o campo científico e a gestão em saúde, uma perspectiva de cuidado pouco discutida para com as crianças acometidas por transtornos neurológicos: a demanda por órteses, próteses e materiais especiais (OPME). De fato, a área de tecnologias assistivas parece ter ainda pouca visibilidade e interesse no campo acadêmico, o que se configura como um desafio a ser vencido no âmbito das políticas orientadas para a Pessoa com Deficiência (PcD). O hiato parece ser maior quando se lança o olhar sobre as oportunidades abertas pelas tecnologias de impressão 3D, as quais, teoricamente, abrem um leque de oportunidades para a produção de OPMEs de forma mais rápida e com baixo custo. É nesse contexto que se insere a presente pesquisa, que atua na linha 1 Produção, Organização e Uso da Informação em Saúde" do PPGICS e que objetiva traçar um panorama exploratório, sobre a produção de conhecimento em impressão 3D para OPMEs, com foco na produção científica, patentes e grupos de pesquisa estabelecidos no país. Adicionalmente, a pesquisa procura traçar, também de forma exploratória, o potencial de uso desses conhecimentos e competências pelo Sistema Único de Saúde (SUS), explorando uma dimensão da Rede de Cuidado da Pessoa com Deficiência (RCPD), ou seja, buscando pelos pontos de atenção à saúde para a PcD que poderiam fazer uso desses conhecimentos. Aqui, o foco é na dimensão territorial, na proximidade entre pontos de produção e uso de conhecimento, o que facilitaria o processo de translação do conhecimento. Nesse sentido, o caminho metodológico se fez tanto pela análise de fontes de informação científica e tecnológica no tema como pela identificação e territorialização dos pontos de atenção da RCPD. Esta pesquisa buscou desenvolver um panorama descritivo sobre o real e o potencial de utilização de impressão 3D para OPME no SUS, como a produção do conhecimento e desenvolvimento tecnológico nacional está respondendo às necessidades das crianças com deficiências motoras e assim conhecer os caminhos de oportunidades em inovação para a saúde pública brasileira.

Autor: Carolina Araújo Borges | Ano: 2021
  • Impressão Tridimensional
  • Equipamentos de Autoajuda
  • Aparelhos Ortopédicos
  • Próteses e Implantes

As arboviroses como a Chikungunya são de grande relevância na saúde pública, devido à inexistência de apoio laboratorial eficiente, a falta de medidas imunoprofiláticas, a possibilidade de causar quadros crônicos, a falta de terapia específica, pela ausência de tratamento, vacinas e medidas efetivas de prevenção e controle, relegando o tratamento ao controle sintomático das manifestações clínicas. Considerando que já existe um esforço expressivo na produção de conhecimento em Chikungunya, predominantemente, a partir de países onde os maiores surtos epidêmicos ocorreram nos anos recentes, encontra-se relevante o estudo de dimensões como o espaço ético nas pesquisas clínicas sobre Chikungunya, que coloca em foco a relação entre pesquisador e sujeito de pesquisa, suscitando o encontro de mundos conflitantes, o saber biomédico e o saber leigo. Nesse sentido, de forma exploratória, buscou-se identificar estudos clínicos e, a partir da análise da produção cientifica e dos documentos de pesquisa de cada um desses estudos, procurar identificar como se dá, formalmente, o processo de adesão das pesquisas. O percurso metodológico escolhido para seguir nesta investigação é a revisão de escopo, dado que este método permite abordar uma questão de pesquisa exploratória destinada a mapear conceitos-chave e lacunas existentes na literatura, e permite a revisão de diferentes tipos de evidências. A partir dos dados extraídos foram identificados aspectos relacionados aos tipos das pesquisas clínicas e dimensões éticas referentes ao processo de adesão e o acompanhamento dos participantes nas publicações e registros dos estudos selecionados. Foram utilizadas três estratégias para incluir todas as pesquisas atuais relacionadas à pergunta da revisão: pesquisa de bancos de dados bibliográficos, banco de dados de registros de estudos clínicos e pesquisas de fontes complementares, nove bases de dados foram pesquisadas e foram extraídos dados de 244 publicações e documentos de pesquisa. Resultados mostraram que embora se saiba, de que o processo de adesão e o acompanhamento dos participantes nas pesquisas em sua complexidade dependem de vários fatores relacionados com a pesquisa e outros com os participantes e seu entorno, a maior parte dos estudos não informam detalhes relacionados à questão da revisão, evidenciaram-se lacunas de conhecimento que dificultaram a caracterização do espaço ético das pesquisas analisadas. O questionário aberto desenvolvido no percurso metodológico, permitiu a caracterização dos possíveis cenários que envolvem aos participantes no decorrer das pesquisas clínicas sobre Chikungunya.

Autor: Diana Estefania Vargas Bello | Ano: 2021
  • Protocolos Clínicos
  • Vírus Chikungunya
  • Seleção de Pacientes

A partir da relação que se estabelece entre a obsessão pelo corpo e pelo rosto sem rugas, gorduras e volumes indesejados e o envelhecimento da mulher na sociedade contemporânea, esta dissertação aborda as diferentes visões a respeito do papel assumido pelas identidades midiáticas, neste estudo representadas por Maria Odete Brito de Miranda Marques, a Gretchen, que completou 60 anos de idade em 2019. Por meio da análise no Instagram considerado um espaço biográfico nos dias atuais da celebridade, refletimos sobre as narrativas anti-idade com base em suas experiências estéticas, e também sobre as estratégias utilizadas para o gerenciamento do corpo e controle do tempo na discussão do envelhecimento feminino. Como sujeito da experiência e da ação, Gretchen vai em busca de mais visibilidade no âmbito da saúde, da beleza e da juventude, utilizando a rede social para circular a docilização do seu corpo pelo discurso do antienvelhecimento e para reforçar normas de como o corpo feminino deve ser e aparecer. Ao assumir o papel de especialista em estilo de vida, posiciona-se acima do monopólio médico, propagando formas de embelezamento e encorajando técnicas de governamentalidade no cotidiano. Na posição de autoridade, instrui a respeito da prática de exercícios físicos e da realização de procedimentos estéticos \2013 com profissionais médicos ou não médicos. Também em suas narrativas, reafirma o discurso terapêutico contemporâneo, tornando-se exemplo de pessoa que consegue superar as adversidades e conquistar a felicidade por meio da elevada autoestima

Autor: Erika Drumond Saraiva | Ano: 2021
  • Envelhecimento
  • mulheres
  • estética

Os medicamentos em desuso representam um dos paradoxos entre produção e controle de excessos identificados na sociedade contemporânea regida sob as lógicas do consumo e da medicalização. Ao mesmo tempo que se estimula a geração de excedentes de produtos terapêuticos, também são desenvolvidas ações para mitigar a circulação social de tais excedentes. Nesta pesquisa, olhamos para as doações de medicamentos em desuso, por meio das interações de uma comunidade on-line no Facebook, atualmente constituída por mais de 10 mil seguidores, que buscam através dela um canal alternativo para ter acesso às mais variadas dessas especialidades terapêuticas. A partir de uma análise descritiva, o trabalho investiga as configurações desta prática social, buscando identificar os medicamentos que mais motivaram a prática de doar, bem como compreender os vínculos sociais, os comportamentos e as regras desta rede estabelecida na ambiência digital, por onde se expandem as relações do setor informal de cuidado em saúde na contemporaneidade. A análise, realizada no recorte temporal compreendido entre julho de 2019 e fevereiro de 2020, evidenciou o protagonismo feminino no engajamento desta prática social tanto no cuidado de si quanto no cuidado familiar; identificou a procura por medicamentos usados para a prevenção e tratamento da trombofilia, que é uma pré-disposição para a formação de coágulos no sangue, como a principal intenção mobilizadora para estas doações; identificou vínculos estabelecidos por comportamentos de reciprocidade e pró-sociais, entre outros. A prática social analisada, ainda que evidencie questões relacionadas ao altruísmo de alguns doadores e a apropriação popular de regras estabelecidas nos canais institucionais, como a exigência de prescrição médica como condição para a aquisição de medicamentos, também aponta para vulnerabilidades na circulação de medicamentos na sociedade.

Autor: Alexandre Augusto Andrade da Ressurreição | Ano: 2021
  • Acesso aos Serviços de Saúde
  • Disponibilidade de Medicamentos Via Internet
  • Mídias Sociais
  • Autocuidado
  • Automedicação

Em nossa pesquisa, observamos tanto a presença da publicidade de Coca-Cola durante o programa BBB19, assim como em seu intervalo comercial. A epidemia de obesidade é combatida mundialmente por instituições de saúde, nosso pressuposto é que a emergência do combate a obesidade tornam visíveis os interesses mercantis que se misturam com habilidade às prescrições do saber oficial da saúde. Como o produto Coca-Cola sem açúcar. Na atual perspectiva do cenário do capital financeiro, da globalização contemporânea, a consequência da convergência tecnológica é uma concentração sem precedentes da propriedade \2013 Rede Globo e Coca-Cola. Nosso horizonte é amplificar a prática comunicativa da publicidade articulada a compreensão do lugar da comunicação nos processos sociais e seus efeitos na saúde. Partimos do entendimento que essas narrativas são espaços simbólicos na disseminação de valores às práticas sociais e que as representações implicam na produção social de sentido a partir dos sistemas de signos projetados.

Autor: Alice Gatto Pires da Silva | Ano: 2020
  • Campanha publicitária
  • Comunicação
  • Publicidade
  • Saúde

Este trabalho tem como objetivo central traçar uma história cultural da corrida de rua no Brasil, refletindo acerca das disputas e variações discursivas expressas pela imprensa carioca no início de sua trajetória. Descrita como um fenômeno sociocultural contemporâneo, a corrida de rua emerge no país a partir da segunda metade do século XX como prática de saúde, a partir de desdobramentos da adoção do método de Cooper. Disseminado no país a partir de 1970, especialmente por conta do sucesso da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo do México daquele ano, o programa de testes e metodologia de exercícios físicos desenvolvido pelo médico cardiologista norte-americano no treinamento de astronautas da NASA e posteriormente adaptado por Cláudio Coutinho na preparação da equipe brasileira tricampeã mundial de futebol ganhou projeção no Brasil, tornando-se um hábito social, conforme registram a literatura científica e veículos de imprensa da época. A atividade evoluiu gradativamente na sociedade brasileira com base nos discursos da prevenção de doenças crônicas não transmissíveis e da promoção da saúde, que enfatizam o autocuidado e os hábitos comportamentais vigiados como aspectos moralizantes em relação ao cuidado \2013 ou ao negligenciamento  com o corpo perante as normatizações sociais, classificando os indivíduos em ativos e sedentários (normais ou anormais), conforme tais narrativas. Fortemente calcada nas estatísticas epidemiológicas e nos fatores de risco, a estratégia de promoção da saúde adota a prescrição de atividades físicas como prática antecipatória a agravos e incentivou a corrida até o surgimento dos conflitos e controvérsias em relação a seus reais efeitos ao organismo. Essas variações e disputas discursivas, bem como as formas de subjetivação envolvidas, popularizaram a adoção da corrida de rua enquanto prática terapêutica, ainda que esse entendimento não fosse um consenso. Utilizamos a pesquisa documental como metodologia dessa análise investigativa e, portanto, selecionamos a imprensa como um dos atores sociais imbricados na produção discursiva que auxiliou na consolidação da prática no Brasil, para refletirmos acerca de como essa concepção foi culturalmente configurada em nosso tecido social. Trabalhamos com a imprensa enquanto fonte, objeto e agente histórico desse percurso. Buscamos entender, portanto, como o brasileiro, em especial o carioca, passou a lidar com a emergência da corrida de rua e como essa prática se solidificou como hábito de saúde no Brasil contemporâneo, bem como quais foram as variações discursivas em relação às controvérsias entre benefício e perigo à saúde e de noções de cuidado com o corpo e boa forma ao longo dessa construção social.

Autor: Glauber Queiroz Tabosa Tiburtino | Ano: 2020
  • Comunicação em Saúde
  • Corrida Moderada
  • Meios de Comunicação de Massa
  • Análise de Discurso

Este trabalho teve como objetivo principal avaliar o cuidado oncológico brasileiro no ano de 2013, através de uma metodologia baseada em um rol de indicadores, com proposta de acompanhamento pelo Projeto de Avaliação de Desempenho do Sistema de Saúde, vinculado ao Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz. Para isto, o estudo se subdividiu em três grandes partes. A primeira avaliou o arcabouço legal que norteia os deveres do Estado como provedor do serviço oncológico nacional e, concomitantemente, buscou a métrica de avaliação adotada em seis organizações consideradas referência para o estudo, quer seja por similaridade do Sistema de Saúde ou por expertise em avaliação de desempenho por indicadores em oncologia. Coube à segunda selecionar os indicadores que pudessem atender o critério de avaliação do desempenho oncológico e, ao mesmo tempo, que pudessem ser obtidos através de bases de fonte aberta e com atualização frequente. Já na terceira parte, as informações e suas respectivas bases nacionais que compunham estes indicadores escolhidos foram importadas e avaliadas .Foram utilizadas figuras e tabelas com abertura da informação por Unidade da Federação e topografia primária da neoplasia com breve análise sobre os resultados obtidos e posterior discussão mais aprofundada acerca dos impactos no Sistema de Saúde e limitações do estudo. Identificou-se carência de estabelecimentos habilitados em oncologia, à exceção da Região Sul; deficiência mais acentuada de exames colonoscópicos, em especial das Regiões Norte e Nordeste; tratamentos de radioterapia e cirúrgicos aquém do esperado; e conformidade no quantitativo de consultas realizadas. Quanto ao tempo para o início de tratamento, ficou evidenciado um prazo mais dilatado para tratamentos realizados em estabelecimentos diferentes do local de diagnóstico; e observou-se conformidade reduzida das topografias de próstata e colo do útero em relação à prerrogativa legal. O prazo para o diagnóstico apresentou conformidade reduzida para a topografia de próstata nas Regiões Norte, Nordeste e Sul. Os resultados apontam, dentre outros, necessidade de investimentos em infraestrutura oncológica, inserção de cláusulas com topografias primárias nos prazos legais estipulados e inclusão do tópico completude do campo de estadiamento nas reuniões entre os gestores dos bancos de dados dos Registros Hospitalares de Câncer.

Autor: Davi Messias Conrado da Silva | Ano: 2020
  • Sistema Único de Saúde
  • Avaliação em Saúde
  • Serviço Hospitalar de Oncologia
  • Avaliação de Desempenho Profissional
  • Políticas Públicas de Saúde
  • Sistemas de Informação em Saúde

Segurança, eficácia, inovação e modernidade são alguns dos valores agregados ao medicamento no universo contemporâneo. Essa associação é decorrência de uma complexa gama de fatores. No entanto, pode-se dizer que um dos meios que valida tais atributos e impõe novas estratégias de significação é a publicidade. Afinal, é por meio dela que a indústria farmacêutica divulga seus produtos. Dessa maneira, fica praticamente impossível delimitar fronteiras entre a propaganda e o consumo de medicamentos. Não é difícil notar, assim, que a propaganda de medicamentos pode representar risco à saúde, caso não se comprometa com a divulgação de informação isenta, correta e segura. O problema é que, sem uma política efetiva no controle da promoção comercial de produtos farmacêuticos, as estratégias persuasivas encontram meios de driblar o que a legislação preconiza e as diferentes interpretações levam a controvérsias e dilemas, que passam a configurar o campo. Nesse sentido, o presente trabalho objetiva compreender os embates discursivos entre a indústria farmacêutica e o órgão fiscalizador da Vigilância Sanitária – a ANVISA.

Autor: Carolina Pires Araújo | Ano: 2012

Esta dissertação procura compreender os modos através dos quais o jornal Diário do Nordeste produz sentidos sobre o Sistema Único de Saúde no estado do Ceará, no período de 01 janeiro a 30 de junho de 2013. Não delimitamos datas específicas, pois o nosso intuito foi exatamente analisar como as práticas sociais midiáticas se tecem no cotidiano, inclusive a partir das narrativas que se constituem diariamente. Com base nos conceitos da Semiologia dos Discursos Sociais, de Milton José Pinto, e o adicional aporte teórico de Pierre Bourdieu (poder simbólico), Mikhail Bakhtin (dialogismo e polifonia), Eliseo Verón (contrato de leitura), Eni Orlandi, Fausto Neto, Inesita Araújo, Valdir Oliveira, dentre outros, busca-se compreender quem são os sujeitos implicados na prática discursiva sobre o SUS (as fontes e as vozes privilegiadas), o que dizem estes sujeitos e o modo como o jornal, enquanto arena discursiva, articula estes elementos e produz sentidos sobre um SUS nomeado (a partir dos textos em que há menção ao Sistema ou à sua sigla). Entre os principais achados, conclui-se que o Diário do Nordeste constitui modos de falar, e assim de agir sobre um SUS nomeado a partir de estratégias discursivas de crítica e de reconhecimento ao Sistema; de produção de vigilância sobre o SUS e sobre os indivíduos; e de mediações políticas e com políticos em todas as dimensões geográficas (municípios, estado e União)

Autor: Clarisse Castro Cavalcante | Ano: 2014
  • Jornalismo
  • Sistema Único de Saúde
  • Produção de Sentidos
  • Discursos
  • Comunicação e Saúde

A epidemia de Zika no Brasil e sua correlação com a síndrome de malformação fetal, que tem a microcefalia como manifestação mais emblemática, receberam grande visibilidade da imprensa a partir da emergência do vírus no país, em 2015. O aumento do número de pessoas afetadas intensificou o debate público sobre questões polêmicas na sociedade brasileira, como os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, em especial o direito ao aborto. Contexto propício para a expressão de desigualdades, a situação epidêmica foi marcada por inequidades sociais, de gênero e em saúde envolvendo as pessoas afetadas pela síndrome de malformações relacionadas ao Zika. Partindo da perspectiva do campo da Comunicação e Saúde e considerando o alto poder simbólico do telejornalismo, investigamos sentidos produzidos sobre a mulher e seus direitos sexuais e reprodutivos, tomando como objeto as notícias veiculadas no Jornal Nacional (JN), da Rede Globo, e no Jornal da Record (JR), da RecordTV, principais produtos jornalísticos televisivos de alcance nacional do país. Foram considerados três episódios, correspondentes a eventos da epidemia marcantes em relação aos objetivos da pesquisa, definidos a partir da noção de drama epidêmico (Rosenberg, 2002) e aplicada à cobertura jornalística conforme proposto por Cardoso (2012) Utilizando elementos da Análise do Discursos e assumindo a perspectiva da teoria da produção social dos sentidos, com Pinto (1998) e Araujo (2002) como referências, identificamos aspectos relacionados às inequidades de gênero, sociais e relativas à saúde da mulher, mapeando as vozes autorizadas e legitimadas na cobertura noticiosa e analisando visibilidades e silenciamentos, de forma a relacionar estes elementos com a conjuntura política e socioeconômica da epidemia. A análise apontou heterogeneidades e aproximações nos dispositivos discursivos dos dois telejornais ao longo dos episódios estudados. Houve silenciamento das mães e gestantes atingidas pela epidemia no JN, que privilegiou os saberes oficiais e científicos, com apagamento das determinações sociais da emergência e do sofrimento humano. No JR, os enunciados se apresentaram mais polifônicos, com espaço de vocalização para as mulheres atingidas pelas doenças e visibilidade das determinações sociais. Os enunciados de ambos promoveram a naturalização das desigualdades de gênero e o apagamento dos obstáculos ao exercício dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres no Brasil, contribuindo para o enfraquecimento dessa discussão junto às autoridades nacionais e aos debates públicos nas esferas civil e jurídica.

Autor: Marina de Castro Ferreira Saraiva Carvalho | Ano: 2018
  • Comunicação em Saúde
  • Zika Vírus
  • Jornalismo Científico
  • Microcefalia

Consideramos essencial a disponibilidade de informação, apoiada em dados válidos e confiáveis, para a análise objetiva da situação de saúde, a programação de ações e o subsídio a decisões pertinentes ao quadro sanitário da população. Para contextualizar o campo de pesquisa no âmbito do e-gov, apresentamos o histórico do Programa de Governo Eletrônico Brasileiro, exemplos de sua implementação e aplicações no campo específico da Saúde. Inicialmente, circunscrevemos o corpus de pesquisa às demandas relativas à busca por orientação e tratamento sobre Esporotricose, recebidas no serviço de atendimento Fale Conosco do Portal Fiocruz, no período de 2021 a 2018. O objetivo geral foi propor uma metodologia de análise de monitoramento ambiental da informação em saúde. No que se refere aos procedimentos metodológicos utilizados, tal monitoramento foi realizado por meio da composição de uma "cesta de informações", composta pela revisão de literatura em bases de dados científicas nacionais e internacionais; coleta de artigos científicos em redes de pesquisa on line; depoimentos de profissionais de saúde da rede pública de saúde municipal; participação em curso de atualização do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI-Fiocruz), pesquisa de dados estatísticos oficiais das secretarias Estadual e Municipal de Saúde do Rio de Janeiro; análise de dados administrativos fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro (SMSRJ); consulta ao banco de dados da Lei de Acesso à Informação (LAI) do Governo Federal, referente às demandas atendidas pelo Ministério da Saúde (MS); e o acompanhamento on line da tramitação de proposições legislativas na Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e da audiência pública realizada na Câmara dos Deputados, em Brasília O marco teórico que fundamentou a pesquisa foi o conceito de "monitoramento ambiental" (environmental scanning), no âmbito da informação em saúde. Os estudos realizados no âmbito dessa pesquisa indicam a validade desse monitoramento, como alternativa viável para concatenar fontes diferenciadas no âmbito de uma mesma temática, trazendo novos insumos para o seu acompanhamento. Em se tratando de uma enfermidade subnotificada, como é o caso da Esporotricose, tal abordagem pode ser especialmente útil para contribuir na cobertura dos gaps de informação em saúde. Ressaltamos que não se trata de uma estratégia isolada, sendo parte e subsídio para outras iniciativas, assim como para estudos mais aprofundados e/ou prospectivos.

Autor: Helen Massote Carvalho | Ano: 2020
  • Acesso à Informação
  • Governo Eletrônico
  • Esporotricose
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