Doutor em Comunicação (2009) e Mestre em Ciência Política (2005) pela Universidade Federal Fluminense. Graduado em Comunicação Social (2002).
Pesquisador titular em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, vinculado ao Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Coordenou o Laboratório de Pesquisa em Comunicação e Saúde (Laces/ICICT/Fiocruz) entre os anos de 2013 e 2017, do qual também faz parte do grupo de pesquisadores. Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Informação, Comunicação e Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde/Fundação Oswaldo Cruz (PPGICS/ICICT/Fiocruz), o qual também coordenou entre os anos de 2018 e 2020. É pesquisador associado aos Grupos de Pesquisa CNPq Laboratório Cidade e Poder (CNPq/LCP/UFF) e Núcleo de Estudos em Comunicação, História e Saúde (CNPq/Nechs/Fiocruz), do qual também é colíder. Atuou também como professor do Curso Técnico de Vigilância em Saúde até 2016 e compôs o colegiado no Comitê de Ética em Pesquisa (entre os anos de 2013 e 2018), ambos pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Compôs a equipe de analistas da pesquisa conjunta Ministério da Saúde/Secretaria de Vigilância em Saúde/Fundação Oswaldo Cruz sobre monitoramento da H1N1 e Dengue. Atualmente, além de docente da Especialização em Comunicação e Saúde, é pesquisador associado ao Observatório Saúde na Mídia.
Tem experiência na área de Comunicação, com ênfase em Ciência Política, História, Psicanálise e Saúde, atuando principalmente nos seguintes temas: mídia, observatório, análise política, memória, análise de narrativa, processos sociais e psicologia social.
Conheça as publicações mais recentes do docente:
BORGES, W. C. ; BORGES, V. C. Q. Narrativa, tempo e memória: subjetividades sobre a vacina e seus efeitos políticos na Saúde. Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, Niterói, v. 16, p. 483-504, 2024.
BORGES, W. C.; PEREIRA NETO, A. F. (org.). Comunicação, poder e processos sociais em saúde: paradigmas, abordagens e tendências. São Roque/SP: Gênio Editorial, 2024.
BORGES, W. C.; FRANKLIN, C. F. M.; RAMOS, R. V. R. Narratologia e saúde: um olhar comunicacional sobre vestígios, projeções e suturas. In: BORGES, W. C.; PEREIRA NETO, A. F. (org.). Comunicação, poder e processos sociais em saúde: paradigmas, abordagens e tendências. São Roque/SP: Gênio Editorial, 2024. p. 21-42.
BORGES, W. C. Razão e emoção na composição de narrativas que interpelam: circularidades analógicas e digitais no Brasil do século XXI. In: NEDER, G.; SILVA, A. P. B. R.; GOMES, J. R. M. História transnacional e global: circulação de ideias e apropriações culturais. Rio de Janeiro: MauadX, 2024. p. 247-268.
BORGES, W. C. ; BORGES, V. C. Q. Narrativa, ideologia e poder: uma paralaxe sobre as denominadas Fake News. Avatares de la comunicación y la cultura, Bueno Aires, v. 25, p. 1-18, 2023.
BORGES, W. C. Entre a tipografia e a guilhotina: imaginário, subjetividade e política na investigação de uma conjuntura. Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, Niterói, v. 14, p. 384-407, 2022.
Esse projeto de pesquisa visa compreender como a pandemia e o pós-pandemia afetaram e afetam a qualidade de vida e o bem viver de populações vulneráveis moradoras em favelas. O foco é o alcance das metas da Agenda 2030/ODS, considerando ainda a ENCTI e o diagnóstico CHSSALA, ou seja, a inclusão social, bem como a articulação científica junto às políticas públicas para a redução das desigualdades sociais. Nesse sentido, as evidências científicas serão produzidas para subsidiarem a construção de políticas públicas com vistas à melhoria dos principais indicadores socioeconômicos. Este estudo concentrará seus esforços na investigação da favela do Morro da Kibon, pertencente ao Condomínio Maracanã, Sítio Cassaquera, Santo André, uma das regiões mais ricas - com PIB per capita de R$ 42.210 (IBGE/2019) - e industrializadas do país (o PIB industrial é o segundo mais importante da cidade - IBGE/2019). No entanto, a cidade apresenta índices sociais bastante preocupantes, agravados, sobretudo, pela pandemia, que deixou parte da população mais vulnerável aos efeitos econômicos e sociais da Covid-19. Nesse contexto, no começo da pandemia de Covid-19, Santo André tinha 52 mil famílias cadastradas no CadÚnico de Programas Sociais do governo federal. Em julho de 2022 chegou a quase 70 mil famílias, aumentando em 33, das quais 38 mil estão em situação de extrema pobreza. Destas, 1.590 são do Condomínio Maracanã, território da cidade que abarca o Sítio Cassaquera, onde está localizado o Morro da Kibon (CECAD/CadÚnico,2022).
Com esse projeto, busca-se analisar as estratégias discursivas de promoção do negacionismo e da circulação de fake news sobre a Covid-19, no Brasil, Bolívia, Espanha, Nigéria e África do Sul. Com esse projeto buscamos compreender qualitativamente as seguintes questões. Quais valores são mobilizados pelo indivíduo que compartilha e consome informações e desinformação sobre a saúde, principalmente, no que diz respeito à vacinação no contexto da pandemia de Covid-19? Quais sistemas de crença são mobilizados; quais gramáticas morais e emocionais são acionadas e mobilizadas para conceder legitimidade aos seus posicionamentos e, que por sua vez, podem influir sobre o processo de tomada de decisão acerca da campanha vacinal contra Covid-19? Para conformar mais densamente a análise sugerida, iremos confluir diferentes tipos de dados e métodos de coleta: acompanharemos dados epidemiológicos que servirão de base para a pesquisa qualitativa; monitoraremos redes sociais digitais (Twitter, Facebook, Instagram e os aplicativos de mensagens WhatsApp e Telegram) e as informações que circulam no contexto de vacinação. Assim, o estudo combinará o cruzamento de múltiplos (1) pontos de vista por meio do trabalho de vários pesquisadores em diferentes localidades, (2) interlocutores e (3) diversificados métodos de coleta de dados, o que nos auxiliará não somente na compreensão das formas de aderência à vacinação e a relação com a desinformação, mas também em traçar estratégias eficazes para controlar a pandemia e mitigar os impactos no contexto pós-pandêmico. Também procuraremos identificar e analisar as principais narrativas com desinformação apropriadas como verdade pelos públicos pesquisados, nos cenários da presente proposta de investigação científica, por meio da realização de entrevistas e grupos focais. Nossa ideia é ir além da apenas coleta, quantificação e caracterização dos dados. Objetivamos trazer possibilidades de análise que permitam a compreensão do mundo atual.
Formação de trabalhadores da atenção primária à saúde para o enfrentamento à desinformação sobre vacinação
A desinformação sobre saúde tem sido uma das grandes preocupações mundiais, a Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, declarou em 2020 que estávamos vivendo uma crise sanitária mundial e uma grave "infodemia" (OPAS, 2020), que pode ser definida como um excesso de informações, precisas ou não, que dificultam o processo de encontrar fontes e orientações confiáveis, o que contribuiu para os altos índices de infecção e mortos por Covid-19 devido à pouca adesão a medidas de controle e contenção do vírus durante a pandemia. Análises realizadas recentemente apontam que a cobertura vacinal no Brasil tem diminuído devido a diferentes fatores, entre eles, estão os efeitos da desinformação, a polarização política, a racionalidade cismada, os sistemas de crença e religiosidade e os problemas relacionados à percepção equivocada de que algumas doenças já desapareceram. Diante desse cenário, nos perguntamos: como os profissionais que atuam na Atenção Primária à Saúde (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, assistentes sociais) lidam no seu cotidiano de trabalho com desinformação sobre vacinação? De que modo a desinformação se apresenta em seus contextos laborais? Por meio de entrevistas e grupos focais com tais profissionais da APS em uma capital das cinco regiões geográficas do país (Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Manaus e Porto Alegre) e da análise das falas como modo de compreender as relações com a população na mediação com as evidências e práticas em saúde, o projeto se centra em elaborar e oferecer curso de formação para construir e incorporar estratégias eficazes de combate à desinformação que sejam adequadas às particularidades regionais e aos diversos cenários de atuação desses profissionais.
Saúde, Narrativas e Ideologias
Nesta pesquisa, partimos do pressuposto de que não há ação humana que não esteja atravessada por ideologia. Com esse princípio, trabalhamos com a hipótese de que toda e qualquer narrativa representa um conjunto de relações que espelha uma dada ideologia dominante. Nesses termos, os dispositivos comunicacionais emergem como arena privilegiada para capturarmos que disputas estão subjacentes à defesa (ou a contraposição) dos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. Na presente investigação, especialmente num quadro de complexificação das chamadas redes sociais digitais, busca-se observar o quanto a relação entre usuários e sistema de saúde á atravessada por construções passadinas que produzem efeitos concretos no momento histórico em que vivemos e que interferem na forma como o SUS é apropriado pela população.