Resumo:
A presente tese de doutorado em Informação e Comunicação em Saúde é resultado de uma pesquisa tridimensional que tem como objetivo analisar os discursos de mulheres usuárias de crack sobre si, bem como das campanhas nacionais de combate ao crack e dos profissionais de saúde do Consultório na Rua (CR) de Juiz de Fora – MG sobre essas mulheres. Para alcançar esse objetivo, foi adotada uma abordagem etnográfica, envolvendo observação participante na fila de atendimento do CR e na casa de passagem de Juiz de Fora, locais onde foram realizadas oito entrevistas semiestruturadas e grupos focais com mulheres usuárias de crack; os apontamentos resultantes dessas interações foram registrados em um Diário de Campo. Levantou-se, também, documentação relativa a quatro campanhas nacionais de combate ao crack (1998, 2009, 2013, 2019). Para a análise do material coletado, foram mobilizados alguns dispositivos teóricos e analíticos da Análise de Discurso franco-brasileira (percurso PêcheuxOrlandi) e o diálogo com as teorias de gênero. Nas conversas com as mulheres, foram abordados temas que iam desde o primeiro contato com o uso do crack até suas aspirações para o futuro. Já com os profissionais do CR, a discussão girou em torno do primeiro contato com as usuárias, do acolhimento e do tratamento oferecido para mitigar os danos causados pelo uso do crack e a visão desses profissionais sobre elas. As campanhas nacionais de combate ao crack foram analisadas para entender como as mulheres usuárias são percebidas por quem faz essas políticas públicas. As próprias usuárias tiveram a oportunidade de assistir a essas campanhas, as quais nunca haviam visto antes, e compartilharam suas opiniões, revelando as dissonâncias e ressonâncias entre as campanhas e a realidade vivida por elas. Essa pesquisa, ancorada na história de vida das mulheres, marcada por sofrimento, abusos e desamparo, busca amplificar as vozes daquelas que realmente devem ser ouvidas na construção de políticas públicas mais alinhadas às suas vivências nas ruas. Ao trazer à tona essas experiências, a tese contribui para uma compreensão mais profunda e humana das necessidades e desafios enfrentados por mulheres usuárias de crack, ressaltando a importância de um olhar sensível e informado na formulação de intervenções e políticas voltadas a essa população.
Aluna: Luana Luciana Ribeiro de Alencar
Orientadora: Kátia Lerner (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Banca:
Titulares
Janine Miranda Cardoso (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Wilson Couto Borges (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Carlos Marcelos Rossal Núñes (DAS/Udelar)
Francisco Inacio Pinkusfeld Monteiro Bastos (PPGEPI/Ensp/Fiocruz)
Wedencley Alves Santana (PPGCOM/UFJF)
Suplentes
Maria Cristina Soares Guimarães (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Natália Helou Fazzioni (MPAPS/UFRJ)
Resumo:
A presente tese tem como tema a transformação das bibliotecas de pesquisa, particularmente àquelas voltadas para a saúde, no contexto contemporâneo. Inicialmente, discute-se a importância histórica e simbólica das bibliotecas como espaços sagrados de preservação do conhecimento. Através dos séculos, as bibliotecas têm sido centrais para a cultura e a academia, mas o avanço das tecnologias digitais, a partir do final do século XX, coloca em xeque esse papel tradicional. Além disso, o movimento da Ciência aberta e a necessidade de adaptação às novas demandas dos usuários, são aspectos que exigem um novo posicionamento das bibliotecas de pesquisa. Em países periféricos, como o Brasil, onde a ciência tem características próprias, a situação das bibliotecas de pesquisa pode divergir significativamente daquelas em países centrais. O estudo propõe, assim, uma análise crítica do papel das bibliotecas de pesquisa em saúde, especialmente em instituições de ensino e pesquisa no Brasil, sugerindo que qualquer mudança ou evolução dessas bibliotecas deve ser organicamente ligada ao desenvolvimento local da ciência e ao processo de formação de pesquisadores. O campo empírico do estudo se dá na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), onde se buscou analisar as relações entre os Programas de Pós-graduação (PPG) e as bibliotecas da instituição, a partir dos conhecimentos, atitudes e práticas (CAP) de 8 (oito) coordenadores de PPG, ranqueados com notas 6 ou 7 na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Os resultados testemunham uma mudança profunda nas relações entre os PPG e as bibliotecas a partir das últimas três décadas, que refletem principalmente mudanças atitudinais e de práticas, ainda que elas sejam reconhecidas como fundamentais para o ensino e a pesquisa. A tese finaliza com algumas sugestões para o planejamento e gestão das bibliotecas na instituição, buscando por uma maior aproximação com a comunidade científica, e contribuindo para restituir a elas o seu 'devido lugar'.
Aluna: Simone Faury Dib
Orientadora: Maria Cristina Soares Guimarães (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Segunda Orientadora: Cícera Henrique da Silva (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Banca:
Titulares
Josué Laguardia (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Kizi Mendonça de Araújo (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Michely Jabala Mamede Vogel (PPGCI/UFF)
Carlos Henrique Marcondes de Almeida (PPGCOC-ECO/UFMG)
Suplentes
Viviane Santos de Oliveira Veiga (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Angela Maria Belloni Cuenca (FSP/USP)
Josué Laguardia (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Deborah Carvalho Malta (ENF/UFMG)
Ricardo Antunes Dantas de Oliveira (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Ricardo Antunes Dantas de Oliveira (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Rejane Sobrino Pinheiro (IESC/UFRJ)
Renata de Saldanha da Gama Gracie Carrijo (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Paula Chagas Bortolon (SMS/RIO)
Resumo:
A pesquisa concentra seus esforços na análise dos documentos institucionais e materiais de comunicações produzidos pelas Secretarias Municipais de Assistência Social e Economia Solidária (SMASES) e de Saúde (SMS), no município de Niterói. O objetivo é, através de uma abordagem pautada pelas teorias decoloniais, identificar e questionar as narrativas dominantes, desconstruir estereótipos e contribuir para promover uma perspectiva mais inclusiva e sensível às demandas específicas de saúde desse grupo vulnerável. A metodologia consiste em uma análise de conteúdo dos documentos institucionais. Por essa abordagem buscaremos identificar nos textos e imagens das políticas, planos e outros documentos sobre a saúde e de materiais comunicacionais utilizados com a população em situação de rua, representações, estereótipos e expressões de linguagem que possam perpetuar o racismo estrutural e a marginalização dessa população. A análise sempre se pautará pela valorização dos saberes locais e as experiências dos indivíduos em situação de rua. Assim, desejamos produzir e em consequência promover uma reflexão crítica sobre os documentos e materiais produzidos pelas SMASES e SMS de Niterói. A pesquisa destaca a importância da epistemologia decolonial para uma abordagem mais justa, inclusiva e respeitosa das necessidades de saúde desses indivíduos.
Aluna: Jaçanã Lima Bouças Correia
Orientadora: Inesita Soares de Araujo (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Banca:
Titulares
Janine Miranda Cardoso (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Nadja Maria Souza Araújo (AgSUS)
Suplentes
Irene Rocha Kalil (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Aluízio de Azevedo Silva Júnior (Laces/Icict)
Ricardo Antunes Dantas de Oliveira (PPGICS/Icict/Fiocruz
Mônica de Avelar Figueiredo Mafra Magalhães (PPG-SP/Ensp/Fiocruz)
Zilma Silveira Nogueira Reis (PPGSCA/UFMG)
Link: https://us06web.zoom.us/j/83691393008?pwd=0Had8lEHbQaFYPKcdd0Cbemb7u1QNF.1
Resumo
A tuberculose pulmonar (TBP) é a forma mais frequente sendo responsável pela manutenção da cadeia de transmissão da doença. Ela permanece sendo um desafio à saúde pública no Município do Rio de Janeiro (MRJ). O óbito por TBP é considerado como um evento sentinela, que pode apontar falhas do sistema de saúde e identificar as áreas que devem ser priorizadas para atuação da Vigilância em Saúde (VS). O objetivo desta tese foi analisar a relação espacial dos óbitos, da mortalidade e da letalidade por TBP do MRJ, de 2016 a 2021, com os índices sobre as condições de vida e indicadores de qualidade do cuidado e sugerir estratégias de divulgação científica dos resultados para fortalecimento das ações de VS. Este estudo adotou uma abordagem quantitativa (estudo ecológico) e qualitativa (estratégias de divulgação científica). Foi realizada uma análise espacial multimétodo dos óbitos e dos casos de TBP residentes no MRJ, georreferenciados por setores censitários, procedentes dos sistemas SIM e SINAN da SMS-Rio. Foram analisados 38181 casos e 1399 óbitos, com visualização por bairros e Áreas de Planejamento em Saúde (AP), facilitando a divulgação científica dos resultados. O perfil sociodemográfico dos óbitos relevou a predominância de homens, de 50 a 69 anos, com baixa escolaridade, de raça/cor negra, solteiros e que mais da metade tinha uma ocupação remunerada. O relacionamento entre os bancos de dados do SIM e do SINAN identificou que 30% dos óbitos não foram registrados no SINAN, indicando falhas no acesso ao tratamento oportuno e efetivo. A principal comorbidade foi o consumo de álcool e a chance da ocorrência de óbitos foi 2,4 vezes maior entre a população em situação de rua em relação ao tipo de entrada de retratamento. Dos sete indicadores elaborados por AP para avaliar a qualidade do cuidado relativo à VS, dois apresentaram os piores desempenhos: o da integralidade referente ao acesso aos diferentes níveis de assistência e um dos de adequação/conformidade ao preconizado. Quanto as condições de vida da população carioca a correlação espacial mais forte para a mortalidade e a letalidade foi com o Índice Brasileiro de Privação (IBP), evidenciando 47 setores censitários prioritários para atuação da VS, totalizando 6904 casos e 92 óbitos, localizados em 20 bairros, abrangendo nove APs: Mangueira (AP 1), Tijuca (AP 2.2), Complexo do Alemão, Manguinhos, Maré e Penha (AP 3.1), Jacarezinho (AP 3.2), Costa Barros e Pavuna (AP 3.3), Jacarepaguá e Vargem Pequena (AP 4), Bangu, Gericinó, Realengo e Senador Camará (AP 5.1), Campo Grande, Cosmos e Guaratiba (AP 5.2), Paciência e Santa Cruz (AP 5.3). Com os resultados deste estudo, espera-se contribuir para o alcance das metas de eliminação da TB no MRJ até 2035, em consonância com o “Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública”, de 2017.
Aluna: Maria Angela Pires Esteves
Orientador: Paulo Roberto Borges de Souza Junior (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Segunda Orientadora: Mônica de Avelar Figueiredo Mafra Magalhães (PPGSP/Ensp/Fiocruz)
Terceira Orientadora: Maria Aparecida de Assis Patroclo (ISC/Unirio)
Banca:
Titulares
Renata de Saldanha da Gama Gracie Carrijo (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Ricardo Antunes Dantas de Oliveira (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Rejane Sobrino Pinheiro (PPGSC/UFRJ)
Helia Kawa (MEB/UFF)
Suplentes
Christovam de Castro Barcellos Neto (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Alexandre Sousa da Silva (PPGSTEH/Unirio)
Sala Virtual: https://us06web.zoom.us/j/83734405202?pwd=OWfpUlkdF4bx2y6MEAKRXm8Uaa25hx.1
Senha de Acesso: 978750