Este trabalho se propõe a discutir quais as influências que o ativismo e o ciberativismo podem exercer nas micropolíticas, como a aprovação de leis e implementação de políticas públicas. Neste caso, estudamos a crescente disputa de narrativas das mulheres na internet, promovendo articulação e estratégias para avançar nos direitos da Saúde da Mulher. O grupo escolhido foi o movimento de doulas do Estado do Rio de Janeiro, que conseguiu coadunar as lutas nas redes e “nas ruas”, aprovando a Lei das Doulas. Observou-se assim, que o ciberfeminismo pode se tornar uma estratégia de articulação dos movimentos feministas, que buscam conquistas no âmbito dos direitos das mulheres.
Esta dissertação tem como propósito analisar os fluxos dos discursos produzidos por um grupo brasileiro, antivacinação, em uma rede social online, o Facebook, examinando de que forma tais enunciados dialogam com os discursos sobre imunizações e produtos interdiscursos que estão imersos em nossa prática social discursiva . Pretendemos compreender em que medida a nossa sociedade, ao assumir características neoliberais, marcadas pela lógica da responsabilização individual, do autocuidado e do risco, tornando-se mais sensível e aderente (ou não) às políticas públicas de saúde. Para isso, analisamos as 10 postagens mais curtidas e comentadas (durante o período de um ano \2013 abril de 2016 a abril de 2017) do grupo \201CO lado obscuro das vacinas\201D, utilizando a ferramenta Netvizz, aplicativo gratuito e colaborativo do próprio Facebook. Esse trabalho analítico propõe a articulação dos conceitos de governamentalidade; biopolítica e biopoder; risco; além dos estudos sobre construção das identidades, proposta por Hall, e sobre o sujeito contemporâneo, proposto por Giddens e Bauman. A estratégia metodológica, portanto, baseia-se na análise dos fluxos dos discursos à luz do pensamento foucaultiano, com contribuições sobre o conceito de risco trazido por Lupton, Rose e Beck Nossas análises nos mostram que o tema da (anti)vacinação está inserido na relação entre o indivíduo e o coletivo, entre o público e o privado; tensão essa atravessada, na contemporaneidade, por uma falta de confiança nas representações de autoridade: nos governantes, nas instituições, na grande mídia, nas recomendações médicas, na indústria farmacêutica. Este debate trata, portanto, da perspectiva das práticas e lógicas que regem a sociedade contemporânea, da produção dos sujeitos e, sobretudo, das identidades que os discursos constroem a partir de si mesmos, pois são por excelência fundantes. Com isso, contribuímos para a reflexão sobre como as redes sociais deslocam as formas tradicionais de se pensar a comunicação, uma vez que funcionam não apenas como alternativa para a divulgação de informações oficiais ou não, mas também como lugar de compartilhamento de angústias, medos , riscos e ideias, espaço propício à interação, ao autocuidado, à autoajuda e à mobilização social, estimulando debates livres de territórios físicos, sem exposição da face, com expressivo alcance e baixo investimento. E isso pode fazer compensar as estratégias de comunicação empregadas,sobretudo no campo da Comunicação e Saúde.
A variação regional possibilita a análise das regiões de saúde e a percepção da variação injustificada, que demonstra uma sobreutilização ou subutilização do sistema, acarretando um desperdício ou dificuldade de acesso dos cidadãos, respectivamente. Características socioeconômicas e demográficas, como IDH, cobertura de saúde suplementar e densidade demográfica; estruturais, como médicos cardiologistas, leitos e unidades hospitalares; e geográficas, como a distância percorrida para realização do procedimento e o fato do procedimento ser realizado fora ou dentro da região, auxiliaram nas análises das regiões de saúde. Foram geradas tabelas, gráficos e mapas para melhor elucidar as informações dos sistemas oficiais de informação, disponíveis para acesso público no DATASUS, IBGE e PROADESS. Conclui-se que as regiões de saúde, mesmo sendo existentes com o intuito de organizar o território e provar serviços e equipamentos dantes impossíveis para alguns municípios isoladamente, não estão conseguindo cumprir o papel na atenção cirúrgica às doenças cardiovasculares. Foi observada uma variação significativa regional, com algumas regiões realizadas quase 50 vezes mais angioplastias que outras e cerca de 30 vezes mais revascularizações do miocárdio. Grande parte das regiões de saúde não realiza esses procedimentos, tendo seus cidadãos que os procedimentos em outra região de saúde realizam, percorrendo por vezes distâncias que chegam a 4 mil milhas. Desta forma, a análise da variação regional ajuda a detectar a necessidade de investimentos estruturais e de fixação de profissionais em diversas regiões da saúde que não possuem capacidade de suprir as necessidades de seus cidadãos adscritos.
O gênero é um marcador social da diferença. Ele é hierarquizado e, consequentemente, grupos de pessoas, atividades, hábitos, profissões e instituições são desvalorizados em nossa sociedade. Essa desvalorização contribui para desigualdade social e repercute também na saúde. A desigualdade social em saúde é marcada pela injustiça, quando um indivíduo ou grupo está em desvantagem de condições para manter-se saudável. Como grupo social desvalorizado, pessoas transgêneras são alvo de muito tipos de violência e de invisibilização de suas demandas. O discurso científico, que cria oposições binárias de gênero, tem naturalizado e localizado a verdade sobre o gênero nas estruturas corporais. Neste contexto, o objetivo da pesquisa foi caracterizar os modos de visibilidade de pessoas trans na produção científica brasileira. Para tanto, foi delineado um panorama da produção científica brasileira a respeito da transgeneridade e estabelecido um vínculo entre as formas de visibilidade das pessoas transgêneras e a desigualdade em saúde. A metodologia empregada consistiu na busca por estudos nas fontes de informação científica multidisciplinares SciELO CI, WOS e SCOPUS; na análise de autores, instituições, áreas do conhecimento e os países que pesquisam em colaboração com o Brasil; na análise de assuntos; e na análise bibliográfica de temas como feminismo, estrutura social da ciência e visibilidade O corpus encontrado foi de 293 estudos. Dos 10 autores mais produtivos, as duas primeiras são vinculadas a mesma instituição e têm juntas mais da metade dos estudos sobre pessoas trans da instituição a que pertencem. O número de estudos publicados cresce a cada ano e 2016 se destaca com mais publicações. O Estados Unidos é o país que mais produz em parceria como Brasil e há uma predominância de estudos das áreas das Ciências da Saúde. Foram identificados 17 assuntos, sendo possível perceber os temas e as tendências dos estudos sobre transgeneridade. Os modos de visibilidade e a desigualdade em saúde puderam ser discutidos a partir desse contexto de produção e da análise de assuntos. Dentre as conclusões, estão a necessidade da melhoria do atendimento integral em saúde, a importância do fomento à pesquisa, a necessidade de discussão de gênero nas escolas e o cuidado ao nomear grupos estigmatizados.
Discutimos sobre a violência, desde aspectos conceituais, até as suas interfaces com a saúde, sobretudo em sua dimensão simbólica, em uma rede social na internet. Analisamos a página "Homossexualismo" disponível no site rede social Facebook. Entendemos que o desenvolvimento da tecnologia, na figura da internet, trouxe consigo mudanças que influenciaram o comportamento dos usuários. Com o advento da web 2.0, as formas de publicar, compartilhar, e organizar informações foram potencializadas. A expressão máxima desta evolução são os sites de redes sociais, que definiram novas maneiras de comunicação e socialização. Se por um lado este desenvolvimento da tecnologia trouxe aspectos positivos, por outro lado possibilitou que a violência, sobretudo em sua dimensão simbólica, encontrasse um meio para ser praticada online. Esta violência assume formas mais cruéis em grupos marginalizados, como é o caso dos homossexuais, que por desviarem de uma norma cultural "heteronormativa" tida como "dominante", são deslegitimados e cerceados em seus direitos. Para o desenvolvimento desta pesquisa realizamos um estudo exploratório, apoiado na técnica etnografia virtual. Desta maneira mapeamos os principais discursos encontrados na página do facebook, correspondente ao período de 11 de dezembro de 2015 à 11 de fevereiro de 2016. Os achados versaram sobre cinco categorias: conduta homossexual, origem, família, definição de homofobia e cura-gay. Constatamos violência simbólica em todos os discursos.
Este trabalho tem como objetivo investigar qual é a abordagem da mídia jornalística impressa brasileira quando se trata de longevidade saudável. Apesar de os veículos analisados, em parte, fazerem promoção da saúde, sua cobertura jornalística ainda não encontrou uma maneira abrangente de discutir o tema, sendo, por vezes, generalista e referendando uma hiperprevenção acrítica, segundo a medicalização da vida. Para tanto, este trabalho tomou como material empírico 12 exemplares de revistas impressas (seis da revista Vida e Saúde, da editora Casa Publicadora Brasileira, e seis da revista Saúde É Vital, da editora Abril, nos períodos de 2004 e 2014). Usando pesquisa bibliográfica e o método da Análise de Conteúdo, foram criadas categorias e subcategorias, a fim de que se realizasse uma análise minuciosa de 70 textos, bem como de 150 propagandas selecionadas.
Vive-se uma era de incertezas, onde as classes sociais em muitos casos não mais determinam os riscos de saúde aos quais a população está exposta e a ciência é vista de forma ambígua, sendo considerada tanto como a salvadora, quanto como a culpada por grandes problemas atual da humanidade. Desta forma, o movimento de compreensão pública da ciência surgiu da necessidade dos pesquisadores em ampliar o acesso e a compreensão aos resultados de suas pesquisas junto à população leiga. O mais destacado pesquisa filosófica nesta direção entre ciência e sociedade. A ideia é que, possuindo maior conhecimento sobre a natureza e/ou resultados da pesquisa científica, a população poderá tomar decisões melhor orientadas sobre hábitos e atitudes que poderão afetar diretamente sua qualidade de vida. Neste sentido, destaca-se aqui o conceito de competência informacional em saúde, que abarca um conjunto de habilidades cognitivas e sociais que determinam a motivação e a capacidade dos indivíduos de ter acesso, compreender e utilizar informação de forma a promover e manter a saúde. Nesta perspectiva, o presente trabalho investiga o potencial da abordagem lúdica do palhaço como estratégia para a promoção da aproximação entre ciência e sociedade, com relação a problemas de saúde da terceira idade.
No contexto brasileiro, aproximadamente 30% da população idosa depende da assistência para realizar atividades cotidianas, geralmente desempenhada por familiares cuidadores, com um histórico atribuído majoritariamente às mulheres. A disparidade no cuidado é acentuada por fatores raciais, impactando de forma desproporcional as mulheres negras. Apesar da Constituição Federal destacar a responsabilidade conjunta da família, sociedade e Estado no amparo as pessoas idosas, o cuidado continua preponderantemente dentro do âmbito familiar. A discussão dos conceitos de ignorância epistêmica e agnotologia ressalta a necessidade de analisar a produção de informação sobre o tema em nível nacional. A epistemologia da ignorância revela como o conhecimento acerca de grupos específicos, como mulheres e suas realidades, pode ser marginalizado devido a dinâmicas de competência na produção do saber. O paradigma do cuidado aborda a ausência de reconhecimento e remuneração do trabalho, principalmente executado por mulheres, resultando em subestimação e invisibilidade. A carência de informação sobre as condições de vida dos familiares cuidadores revela uma lacuna no conhecimento. O estudo, de natureza qualitativa, objetiva analisar as perguntas sobre familiares cuidadores presentes em inquéritos, utilizando a perspectiva da Sociologia das Estatísticas. A pesquisa visa investigar a produção de informação e conhecimento científico sobre os familiares cuidadores de pessoas idosas no Brasil nas primeiras décadas do século XXI. A metodologia empregada será a revisão integrativa, com base no diagrama de fluxo e no checklist PRISMA, cobrindo o período de 2001 a 2022. As bases bibliográficas utilizadas serão a Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e o Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MedLine/PUBMED).
Esta pesquisa tem como objetivo caracterizar a produção científica sobre a saúde de mulheres lésbicas a partir de métodos bibliométricos, buscando compreender a dinâmica de produção de conhecimento sobre a temática e desvelar as maneiras pelas quais a ciência tem abordado a saúde desse grupo social. Utiliza como método a pesquisa bibliométrica, com caráter exploratório e descritivo, e abordagem quali-quantitativa, tendo como objeto de análise publicações científicas recuperadas a partir de pesquisas nas fontes de informação Scopus e Web of Science. Apresenta uma reflexão sobre a construção dos discursos sociais sobre as lésbicas, traçando um panorama histórico sobre a homoafetividade feminina no mundo ocidental, da Antiguidade aos dias atuais. Aborda os três principais paradigmas que direcionaram os discursos coletivos sobre as relações entre mulheres, são eles: o discurso religioso, o discurso médico e o político. Apresenta os estudos métricos da informação, suas origens, métodos, funcionalidades e principais aplicações. Os resultados demonstram que a saúde das mulheres lésbicas é um tema pouco explorado no Brasil, e apontam uma produção científica ainda incipiente, fruto de uma comunidade científica pouco estruturada. O panorama traçado através das publicações evidencia a tendência universalizante da abordagem da ciência sobre o tema, onde as especificidades em saúde da população lésbica são tratadas de maneira tangencial. Recomenda, por fim, o fortalecimento e estruturação da produção de dados e estudos científicos voltados para a saúde de mulheres lésbicas, bem como o envolvimento das esferas político-institucionais no estímulo aos esforços científicos voltados ao tema, por meio de editais e iniciativas de fomento.
Durante a pandemia da COVID-19, as desigualdades no acesso aos serviços de saúde desenvolveram-se para a propagação da doença no país, consequentemente fazendo com que o Estado do Rio de Janeiro registasse uma maior taxa de letalidade em comparação com outras unidades da federação do Brasil. Os desafios para obtenção de leitos e respiradores por parte da rede pública geraram inúmeras distorções e críticas em relação à distribuição dos recursos necessários, contribuindo para o cenário caótico vívido nos momentos de auge da epidemia no país. Este estudo teve como objetivo analisar como a pandemia impactou o acesso aos serviços de saúde e suas relações com as desigualdades na acessibilidade geográfica no estado do Rio de Janeiro em suas diferentes regiões de saúde entre os anos de 2020 e 2022. Trata-se de um estudo ecológico a fim de analisar como as desigualdades impactaram o acesso aos serviços de saúde a partir dos fluxos para internacionais e como foram evidenciadas pela pandemia da COVID-19. Para isso foram feitas revisões bibliográficas e análises de volumes de internações e fluxos para atendimento hospitalar nas Regiões de Saúde e municípios. Os resultados apontam que as desigualdades já existentes foram ampliadas com a pandemia da COVID-19, já que a procura pela atenção se estendeu à maioria dos municípios, por leitos clínicos e de terapia intensiva. Percebe-se que muitos municípios do Estado do Rio de Janeiro não possuem uma rede própria com recursos suficientes para oferecer a melhor qualidade de assistência em saúde. Conclui-se, portanto, que apesar dos avanços no processo de regionalização aos longos dos últimos anos, o estado do Rio de Janeiro carece de debates e políticas mais focadas na redução das desigualdades em saúde. Além disso, destaca-se que a pandemia da COVID-19 trouxe uma reflexão sobre uma integração fundamental de políticas públicas em saúde dos três entes federados (Governo Federal, Estados e Municípios), alterando medidas estratégicas para garantir o acesso à saúde de maneira integral e minimizando danos protetores as doenças emergentes e reemergentes.
Esta dissertação busca analisar como os programas Fantástico (TV Globo) e Domingo Espetacular (Record TV) construíram a ciência na cobertura sobre as vacinas da covid-19, considerando a acirrada disputa por sentidos num ambiente comunicacional marcado pelo intenso fluxo de informações, pluralidade enunciativa e polarização política. Uma das mais importantes estratégias para o enfrentamento da doença, as vacinas se tornaram também um dos alvos mais frequentes de informações enganosas que proliferaram na pandemia. Nesse contexto, estabelecemos como objetivos específicos mapear como a ciência, suas instituições e atores foram construídos no Fantástico e no Domingo Espetacular; analisar as relações tecidas entre o discurso científico e outros discursos; e caracterizar como os programas se posicionaram em relação à ciência e aos seus espectadores na cobertura sobre as vacinas da covid-19. Em nossa grade de análise, estabelecemos uma aproximação entre os modos de endereçamento no telejornalismo, propostos por Itania Gomes (2011), e a análise do dispositivo de enunciação, na perspectiva da Semiologia dos Discurso Sociais, principalmente as contribuições de Eliseo Verón (2004) e Milton Pinto (2002). Entre os principais resultados da análise das matérias veiculadas entre março de 2020 a agosto de 2021, destacamos as diferenças entre os dois programas, embora ambos tenham sido favoráveis às vacinas e à ciência. No Domingo Espetacular predominou a ênfase na associação da ciência com a esperança, a mobilização dos cientistas e a velocidade acelerada das pesquisas de vacinas, caracterizando uma ciência quase sem atritos internos ou externos, silenciando inclusive a intensa disputa política envolvendo o governo de São de Paulo e o então presidente Jair Bolsonaro O Fantástico também associou a ciência com a esperança, mas enfatizou a necessidade de cautela. Na tensão entre a urgência da pandemia e a necessidade de garantir a segurança e a eficácia das vacinas, mereceram destaque a metodologia científica e o conflito entre o campo científico e interesses políticos e empresariais, em explícita oposição às medidas do governo Bolsonaro.
A presente dissertação tem como objetivo iniciar um debate sobre a ausência de políticas de comunicação em saúde e dos estudos preocupantes à saúde do homem negro. Para tanto, verifica-se a ocorrência das discussões de gênero no contexto do Sistema Único de Saúde, com ênfase em ações que fazem parte do escopo da saúde pública e coletiva, como a Política de Saúde Integral da População Negra e a Política Nacional de Saúde do Homem. Nessa perspectiva, torna-se fundamental a purificação dos conceitos de “masculinidade hegemônica” e “masculinidades subalternizadas” para que seja possível, então, compreender o advento e a localização no imaginário social das masculinidades negras. Isto posto, intui-se verificar suas especificidades enquanto grupo social, de modo a localizá-lo no âmbito das disputas de poder que, atravessadas pelo racismo, pelo sexismo e pelo classicismo, conferem a esses sujeitos o esquecimento nas ações de saúde de organizações de promoção de políticas públicas, contribuindo, assim, com a ocorrência das manifestações da Necropolítica, apresentadas por Mbembe, do Racismo Estrutural, conceituado por Silvio de Almeida e, principalmente, do Genocídio do negro brasileiro proposto por Abdias do Nascimento. Foi, portanto, realizada a coleta de dados por meio do levantamento nos acervos do Portal de Periódicos da CAPES e do Banco de Recursos Audiovisuais em Saúde da VídeoSaúde. Dessa forma, analisamos, de forma crítica, os itens que abordamos em coerência com o tema da promoção à saúde do homem negro brasileiro e que possibilitaram levar à compreensão dos esforços realizados para alcançar esse grupo. Os resultados obtidos por meio do levantamento demonstram, porém, uma grande lacuna na produção acadêmica sobre o tema. Com isso, a pesquisa foi redesenhada, pautando-se na Metodologia da Problematização de Berbel e na análise de dados. Desse jeito, buscou-se compreender – com base na experiência da construção da pesquisa – como a saúde do homem negro é vista pela saúde pública brasileira. Constatou-se, assim, a negligência e a ausência de propostas de soluções a fim de corrigir os problemas existentes. Além disso, evidencia-se o potencial das ferramentas de busca, que traz a invisibilização de dados étnicos minoritários e os efeitos deletérios causados pela interseccionalidade entre raças, gênero e classe em um país que celebra a falácia da democracia racial.
O presente estudo teve como objetivo identificar as percepções dos pesquisadores quanto aos metadados de proveniência necessários para o reuso de dados de pesquisa de COVID-19. A metodologia consistiu na pesquisa bibliográfica em fontes de informação nacionais e internacionais que forneceu as bases teóricas da pesquisa e foi realizado um mapeamento das diretrizes internacionais para padrão de metadados para dados de pesquisa nas iniciativas internacionais Fairsharing (https://fairsharing.org/), Digital Curation Centre (DCC) (https://www.dcc.ac.uk/ ) e Research Data Alliance (RDA) (https://www.rd-alliance.org/), permitindo identificar os padrões de metadados utilizados na pesquisa em COVID-19 e a mapear as principais diretrizes apontadas na literatura para o tema. Foi elaborado instrumento de coleta de dados (questionário online) para verificar quais os padrões de metadados de proveniência apoiam os pesquisadores no reuso dos dados em COVID-19. Foram analisados os dados bibliográficos, as pesquisas dos repositórios, a percepção dos pesquisadores obtidos através do instrumento de coleta para identificar os padrões de metadados de proveniência que podem ser utilizados nas pesquisas sobre COVID-19. Verificou-se que realmente só temos padrões para determinada área ou campo de conhecimento e não diretrizes internacionais gerais. Constatou-se que que há um consenso por parte dos respondentes nas questões da importância da informação sobre tema ou palavra-chave; licença de uso, coletor de dados e preservação dos dados a longo prazo por parte dos repositórios, quanto aos metadados de proveniência necessários para o reuso dos dados de pesquisa em Covid 19.
Esta pesquisa nasceu com o objetivo de compreender a dimensão comunicacional das redes de apoio que as mulheres acionam e constituem para lidar com saúde mental em meio à pandemia. Em crises sanitárias, as mulheres estão entre os grupos mais vulneráveis aos impactos das desigualdades sociais, que se materializam em situações como maior dificuldade de acesso à saúde, exposição acentuada às violências visíveis ou não, desemprego, fome, perda de renda, sobrecarga decorrente das jornadas múltiplas de trabalho e ataques aos direitos conquistados anteriormente (Beauvoir, 1949). Este cenário é propício à produção de sofrimento psíquico e adoecimento das mulheres, por aumentar as vulnerabilidades e precarização da vida (Butler, 2011). Historicamente silenciadas, subalternizadas e violentadas de múltiplas formas, as mulheres sofrem com a negação de direitos e com diversas formas de silenciamento. De modo particular, as mulheres que convivem com sofrimento psíquico vivenciam o estigma e a deslegitimação das suas falas. Neste contexto, vemos o direito à comunicação como parte fundamental do direito à saúde, com duas dimensões: direito a informação e direito a voz (Araujo; Cardoso, 2007). Adotamos a perspectiva teórica de Araujo (2002) pela qual a comunicação opera como um espaço e um processo no qual e pelo qual as pessoas em diferentes posições sociais produzem sentidos, os fazem circular e deles se apropriam. Logo, o direito à comunicação é atravessado e demarcado por disputas simbólicas e negociações constantes. Adotamos o conceito de lugar de interlocução (Araujo, 2002), como eixo conceitual-metodológico para estudar as dimensões comunicacionais deste projeto, considerando que a distribuição do poder de fala é móvel e que uma pessoa pode se enquadrar em mais de um lugar, de acordo com seus contextos sociais, situacionais, institucionais e pessoais. A comunicação é, por esta via, um recurso central para a garantia de outros direitos que, no caso das mulheres, estão relacionados a como elas podem constituir e acionar suas redes de comunicação sobre cuidado para lidar com a saúde mental em meio à pandemia. A metodologia incluiu conversas individuais e coletivas com 8 mulheres que se identificam como cuidadoras parentais informais em saúde mental e vivenciaram alguma experiência em saúde mental, residentes em quatro cidades: Rio de Janeiro (RJ), Natal (RN), Salvador (BA) e Criciúma (SC). Nas rodas de conversa, experimentamos uma metodologia inclusiva, a partir da escuta e da perspectiva do protagonismo das mulheres, com base numa epistemologia decolonial, considerando-as participantes da pesquisa como coprodutoras do conhecimento produzido. Concluímos que as redes de comunicação e cuidado em saúde mental podem, em um primeiro momento, nascer como um braço das instituições de saúde, dentro dos Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) ou de projetos de extensão, mas se organizam e multiplicam de forma dinâmica. A comunicação é basilar na constituição, organização, compartilhamento e multiplicação dessas redes. As mulheres acionam redes ou são convidadas a participar delas por meio da indicação de amigas, conhecidas, familiares, chegam até às redes por meio do acesso à educação, do contexto profissional ou da militância, ou descobrem as redes guiadas pela necessidade de cuidar. Juntas, acabam criando e fortalecendo laços de amizades com outras mulheres também estão em situação de abandono pelo Estado, pelas famílias e são invisibilizadas pelas políticas públicas, ganham força, pela troca de conhecimentos, pela possibilidade de acessar determinados lugares e lutar pelo direito à comunicação. As redes de apoio são lugares em que essas mulheres trocam informações, compartilham referências de livros, vídeos, cartilhas, eventos e munidas dessa informação, conseguem sair um pouco da periferia discursiva na busca por posições mais centrais nos espaços em que elas transitam.
As novas tecnologias de informação e comunicação permitem o acesso, a produção e o compartilhamento de informações em qualquer tempo e lugar, sobre vários assuntos. Elas quebrando as barreiras físicas e geográficas, além de proporcionarem novas práticas sociais, políticas e econômicas. A saúde é uma das áreas em que há maior interesse dos usuários. Muitas informações de saúde estão incorretas, incompletas ou incompreensíveis. A avaliação da qualidade da informação de saúde disponível na internet é uma das formas de combater este problema. Este trabalho teve como objetivo a construção de um instrumento de avaliação da acurácia da informação em sites de saúde que tratam dos acidentes com escorpião, orientado pela “Medicina Baseada em Evidências”, com o auxílio do Dynamed: um ambiente virtual que oferece informações baseadas em evidencias , atualizados e com qualidade, facilmente localizáveis em um banco de dados de referência mundial. Além disso, avaliamos objetivamente o site de acidentes com escorpião disponível no portal “Saúde A a Z” do Ministério da Saúde por meio da aplicação de nosso instrumento. O escorpionismo foi escolhido por ser um agravo que apresenta notável expansão em sua distribuição espacial no Brasil nos últimos anos. O instrumento construído é composto por 21 indicadores abancando a prevenção, o diagnóstico, os sintomas e o tratamento de acidentes com escorpiões. Os resultados da utilização deste instrumento de avaliação da precisão da informação revelaram um índice de 38% de conformidade entre as informações disponíveis no site do Ministério da Saúde, e aqueles presentes na ferramenta por nós apresentados. Discutimos ainda, os aspectos positivos do portal do Ministério da Saúde em seu formato atual, e apontamos as barreiras enfrentadas na qualidade da informação sobre acidentes com escorpiões, trazendo ainda os riscos específicos oferecidos à sociedade, e como a incorporação de esforços em prol do aprimoramento da acurácia da informação sobre os acidentes escorpiônicos pode contribuir positivamente com o atual cenário epidemiológico do escorpionismo no Brasil.
Hoje, as novas tecnologias de informação e comunicação estão presentes na maioria das atividades realizadas por grande parte da população mundial. Elas permitem que seja encontrada e compartilhada uma grande variedade de informações sobre praticamente qualquer assunto, em qualquer tempo e lugar. Como consequência, a forma com que lidamos com diferentes aspectos da vida, inclusive a saúde, tem sido afetada pelas informações obtidas e compartilhadas nas mídias digitais. No entanto, o atual cenário informacional está repleto de problemas. Um deles é a qualidade da informação. Alguns autores têm dedicado sua atenção à avaliar a qualidade da informação disponível em sites de saúde. Esta dissertação tem como objetivo geral construir indicadores para avaliar a acurácia da informação em sites de HPV, uma das infecções sexualmente transmissíveis mais prevalentes no mundo. Em termos de objetivos específicos, seleciona a fonte de informação baseada em evidência a ser utilizada para a construção dos indicadores, identifica as evidências científicas mais atuais sobre HPV e apresenta instrumento capaz de auxiliar a construção e/ou alteração de sites de HPV, de forma que estes apresentem informações que estejam em conformidade com as evidências científicas mais atuais. A metodologia aplicada para a construção dos indicadores de acurácia constitui-se de seis etapas e baseia-se na Medicina Baseada em Evidências. Como resultado, foram construídos 25 indicadores, abarcando as dimensões de Prevenção e controle, Transmissão, Diagnóstico, Sintomas e Tratamento. Esta dissertação realiza ainda um diálogo com outros trabalhos brasileiros de avaliação da qualidade da informação em sites de HPV. Ela fornece uma indicação de como os indicadores construídos podem ser aplicados e apresenta duas iniciativas recentes de combate à desordem informacional. Trata-se de um estudo que oferece uma contribuição ao necessário combate à desordem informacional. Espera-se que este tema ganhe cada vez mais atenção acadêmica e social.
O mundo do trabalho dos profissionais das plataformas de petróleo é complexo, envolve diversos riscos e conta com muitos esforços para redução de acidentes. Contudo, os mesmos ainda acontecem. A comunicação é um dos elementos utilizados para a melhoria das condições de segurança e vai além do binômio produção e recepção de conteúdo, na qual não basta somente produzir materiais e campanhas de segurança com foco no comportamento dos indivíduos. O processo é muito mais complexo, existindo diversas medições socioculturais envolvidas e que se inter-relacionam. Neste contexto, investigou-se a produção de sentidos dos trabalhadores das plataformas de petróleo na Bacia de Campos, relacionados à segurança, por meio da aplicação empírica do mapa metodológico de Jesús Martín-Barbero. Para se chegar aos sentidos construídos, foi-se a campo entrevistar os profissionais embarcados que realizavam atividades operacionais e estavam expostos aos riscos do seu ambiente. Suas falas foram consideradas como representação dos discursos do grupo, compreendidas à luz da teoria do Discurso do Sujeito Coletivo. Concluiu-se que os próprios sujeitos atribuem a si a culpa pelos acidentes, influenciados pela cultura de responsabilização ainda presente, que se materializa nas práticas, ações e discursos. Como alternativa, os trabalhadores revelam a importância dos espaços de escuta e expressão como essenciais para a construção de ambientes cujo foco seja a promoção da saúde e a prevenção de acidentes.
A pesquisa teve o objetivo de analisar o lugar de interlocução das organizações populares em ações de comunicação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) direcionadas à população moradora de favelas e periferias durante a ocorrência de epidemias. A análise dessas ações apoia-se na premissa de que os modelos que vieram forjando o campo da Comunicação e Saúde desde o século XX, especificados nas abordagens informacionais (transferenciais, lineares, verticais e monológicas); nas abordagens filiadas à epistemologia freireana (de natureza dialógica e horizontal); e nas apoiadas nas teorias da produção social do sentido, que valorizam a multiplicidade de vozes (polifonia) e os contextos dos sujeitos na cena social. A partir deles, visa identificar essas abordagens nas ações de comunicação empreendidas pela instituição durante a pandemia de Covid-19 em 2020 e se estas evidenciam uma continuidade ou apontam para a emergência de novas práticas e processos em comparação ao que foi feito durante as epidemias de Dengue (2008) e Zika (2015), na interlocução da Fiocruz com os referidos atores sociais, no Rio de Janeiro. Com isso, também se pretendeu contribuir para a memória sobre práticas de comunicação voltadas para enfrentamento de crises sanitárias, sob o signo de uma perspectiva democrática de comunicação, que leve em consideração os princípios da participação e da equidade, dois entre os que fundamentam o Sistema Único de Saúde.
O presente trabalho é uma análise de documentos imagéticos publicados pelo Ministério da Saúde do Brasil, entre os anos de 1988 e 2020, tendo como marco a publicação da Portaria MS/GM nº 1.060/2002 que criou a Política Nacional de Saúde da Pessoa com Deficiência. A fim de entender o conceito de deficiência que informa os cartazes veiculados em campanhas nacionais de saúde e como o governo brasileiro o representa em sua comunicação, foram analisadas as imagens neles inscritas, especialmente à luz da Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. A partir do levantamento realizado, no entanto, chegou-se a um resultado negativo, não tendo sido encontrado, dentro do período inicialmente proposto, entre os anos de 2003 e 2016, nenhum cartaz publicado pelo Ministério da Saúde sobre a deficiência que retratasse alguma campanha específica ou que sequer contivesse pessoas com deficiência. Desta forma, a título de se verificar a profundidade dessa ausência, aumentou-se o recorte de pesquisa, chegando-se a um resultado de cinco cartazes, embora nenhum fosse fruto de campanhas de saúde específicas sobre deficiência. A análise dos cartazes encontrados e de seus signos, portanto, com o olhar da comunicação visual e da fotografia, foi capaz de demonstrar que a deficiência é ainda um tema pouco debatido e estudado, mesmo em um país com quase 20 milhões de pessoas nessa condição, o que reforça uma realidade social excludente, onde a pessoa com deficiência parece ser diferente das demais, anormal, invisível.
A deficiência não está limitada a uma minoria. É uma experiência que pode ser vivida ao longo da vida das pessoas. Entender que a deficiência é algo passível a todos, levanta a questão da necessidade de elaboração de políticas públicas que propiciem uma sociedade mais sensível à diversidade e as necessidades desse grande contingente populacional. Nesse sentido, a produção de dados sobre a deficiência é de intensa importância, pois favorece a criação de informações que posteriormente se transformarão em conhecimento para o planejamento de ações. O Censo Demográfico, por seu caráter universal, é a principal fonte de informação sobre a deficiência no país. O objetivo geral desta dissertação foi analisar a produção de informação sobre a deficiência nos Censos Demográficos do Brasil e sua relação com as recomendações internacionais. Este trabalho foi baseado numa metodologia de revisão de literatura do tipo narrativa, além de análise dos instrumentos de avaliação da deficiência nos Censos. Entre os resultados deste estudo está a demonstração da heterogeneidade conceitual e de captação da deficiência entre as fontes de informação, o que afeta diretamente a prevalência de pessoas com deficiência. Também se mostrou a notável importância dos Censos Demográficos. Essa fonte está em em consonância com as recomendações internacionais, entretanto, nesta pesquisa se observou a variabilidade de perguntas sobre deficiência realizadas nos censos latinoamericanos. Essa variabilidade limita a comparabilidade entre países. Na discussão se mostra a necessidade de haver uma efetiva comunicação entre os órgãos governamentais produtores desses dados/informações e especialistas no tema da deficiência no intuito de potencializar os resultados de modo a propiciar melhorias nas aquisições de direitos e qualidade de vida das pessoas que vivem com deficiência.
A saúde pública é intensiva em conhecimentos tecnocientíficos, por conseguinte, em pesquisa científica, seja para o desenvolvimento de novos fármacos, imunobiológicos, terapias e testes diagnósticos, seja para a proposição de políticas públicas e novas formas de organização e ampliação do acesso à saúde das populações. Nas últimas décadas a pesquisa tecnocientífica em saúde tem sido caracterizada pela formação de grandes redes de pesquisa transnacionais e interinstitucionais, financiada por intermédio do consórcio de fundos públicos e privados, além da intensificação de instrumentação científica especializada, de grande porte e multiusuário. Também importante marca é a pressão para a aceleração da produção de resultados e sua transferência para o setor farmacoquímico, de equipamentos médicos e odontológicos e para os sistemas de saúde nacionais. Esta estratégia de pesquisa elevou os custos da atividade e implica no uso de ferramentas de gestão para coordenação do trabalho de grandes equipes. Dessa forma, um dos efeitos mais salientes é a busca por estratégias de gestão de projetos desenvolvidas inicialmente e amplamente empregadas pelos setores industrial e comercial. Este movimento redundou no desenvolvimento de pacotes de gestão de projetos de pesquisa tecnocientífica, transformando-a em temática de pesquisa, de publicações científicas e eventos acadêmicos. Consideramos, para os efeitos dessa pesquisa, que esses pacotes e a produção científica sobre o tema embutem concepções de tecnociências e da pesquisa tecnocientífica e de suas relações ideais com o mercado. Sendo assim, o objetivo desse estudo é construir um mapa analítico preliminar das concepções de ciência e pesquisa tecnocientífica presentes na análise e na proposição de modelos de gestão de projetos, presentes em grupos de pesquisa nacionais na área de saúde, presente em artigos científicos publicados em dois reconhecidos periódicos nacionais entre os anos de 2004 e 2021.
Esta dissertação tem como objetivo analisar a produção científica sobre arquitetura da informação em ambientes informacionais digitais em saúde. A relevância desse estudo está na possibilidade de auxiliar na organização, rotulação, navegabilidade e busca de informações em ambientes informacionais digitais na área da saúde bem estruturados para que os vários tipos de usuários possam acessar os conteúdos e interagir com o ambiente digital de forma intuitiva, fácil e clara. A metodologia utilizada segue as recomendações da JBI para revisão de escopo e as orientações do checklist Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR). Os grupamentos temáticos que formam o anagrama PCC são: ambientes informacionais digitais/ Web – Internet; arquitetura da informação e saúde/ tecnologias de informação e comunicação em saúde. A estratégia de busca para MEDLINE/PubMed foi escolhida como principal e enviada por uma Bibliotecária para avaliação no PRESS Forum. A busca foi realizada no dia 15 de abril de 2022 em nove fontes de informação, a saber: BRAPCI (Universidade Federal do Paraná – UFPR – e Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS); CINAHL with full text (EBSCO), EMBASE (Elsevier); ISTA (EBSCO); LISTA (EBSCO); LILACS (BIREME/OPAS/OMS); MEDLINE/PubMed (NCBI/NLM); Scopus (Elsevier), Web of Science (Clarivate Analytics). Foram recuperados 1358 registros e todo passo a passo foi descrito no fluxograma PRISMA-ScR. 74 registros foram para leitura de texto completo e apenas 6 atenderam aos critérios de inclusão. Os resultados foram apresentados em gráficos, quadros e tabelas e para o mapeamento e caracterização dos resultados foram elaboradas planilhas em Excel. Conclui que os sistemas de arquitetura da informação são estudados até hoje; que os ambientes informacionais digitais mais estudados na área da saúde são sites, bases de dados e bibliotecas virtuais, também tratados como recursos de conhecimento da área da saúde. O local de publicação que mais publica é o Brasil. E sobre os títulos dos periódicos, 5 títulos cobrem as áreas de Ciênca da Informação e Biblioteconomia. A principal lacuna de conhecimento é a falta de estudos sobre outros objetos de TICs em saúde, como aplicativos para mHealth.
A pesquisa possui como temática a análise da produção científica nacional em saúde e promove uma aproximação entre a Ciência da Informação e a Hansenologia brasileira. A hanseníase é uma doença negligenciada que permanece com níveis consideráveis de endemicidade no Brasil, sendo carregada de estigmas e com potencial de causar severas sequelas incapacitantes. Objetivou-se cartografar a produção científica sobre hanseníase publicada entre os anos 2001 e 2020 referidas nos currículos Lattes dos líderes e vice-líderes dos grupos de pesquisa das Ciências Biológicas e das Ciências da Saúde, atualizados e certificados no Diretório de Grupos de Pesquisa. Através dos Estudos Métricos da Informação, os 49 grupos de pesquisa selecionados foram analisados quanto à sua distribuição temporal e distribuição geográfica. Os artigos sobre hanseníase de autoria dos líderes e vice-líderes foram avaliados nos quesitos tipologia documental, ano de publicação, país de origem dos periódicos, título do periódico, instituição de origem do autor (líder/vice-líder) e, com base nos descritores indexados para indicar o tema das publicações. Por fim, foi verificado quais descritores mais ocorreram. O Nordeste se destacou como a região do país que mais concentrou grupos de pesquisa e a Universidade Federal do Ceará como a instituição com a maior participação em publicações. Entretanto esse resultado é reflexo da metodologia empregada na seleção dos grupos de pesquisa e das publicações dos líderes e vice-líderes.
Partindo de uma questão de saúde pública, o suicídio, e de campanhas de saúde brasileiras, a Setembro Amarelo e a Janeiro Branco, foram analisadas 118 páginas veiculadas no jornal O Globo nos meses de setembro de 2014 e de 2020 e de janeiro de 2015 e de 2021 sob a perspectiva interdisciplinar da Comunicação & Saúde, encontradas a partir dos descritores de busca “suicídio” e “saúde mental”. Os marcos legais, a Reforma Sanitária e a Reforma Psiquiátrica brasileiras deram contorno à definição do suicídio enquanto uma questão de saúde pública que pode ser prevenida. As estratégias de comunicação e de informação foram vistas pelos limites, esgotamentos e silêncios nas formas de “fazer ver” o suicídio. Perguntas sobre as contribuições da Comunicação & Saúde guiaram a análise de mediações, de eixos narrativos e da circulação de sentidos reconhecidos nas páginas do jornal O Globo. E, com o objetivo de imaginar uma posição antimanicomial para o suicídio na interface Comunicação e Informação em Saúde, as práticas e os processos de comunicação foram colocados em questão pelas suas contribuições ao cuidado em saúde diante do suicídio.
As novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs) estão se tornando uma parte indispensável do cotidiano do todos nós. Apesar das vantagens que apresentam, as NTICs também podem promover alguns problemas, entre eles a nomofobia: a angústia e o medo de se tornar incomunicável ao se separar do smartphone ou ficar sem o acesso à internet. Alguns autores no mundo têm se dedicado a compreender melhor esse fenômeno social. Yildirim e Correia (2015) desenvolveram uma ferramenta que identifica os níveis de nomofobia. Trata-se do Nomophobia Questionnaire (NMP-Q) que encontra-se em ampla circulação, adaptação e critica no meio acadêmico internacional. A questão que orienta o desenvolvimento da pesquisa, que se transformou nessa dissertação, visa compreender em que medida a nomofobia pode estar associada ao isolamento social proposto como medida preventiva à COVID-19. O link do Nomophobia Questionnaire (NMP-Q), traduzido para o português, foi disponibilizado no Google Forms e compartilhado nas redes sociais (Whatsapp, Facebook e Instagram). Ele foi acompanhado por outras perguntas que visavam introduzir diferentes variáveis na análise. Duzentos e vinte e dois participantes responderam ao questionário entre dezembro de 2020 e abril de 2021. Os resultados indicam que o isolamento social interferiu no aumento da incidência de nomofobia, sobretudo na população de 20 a 29 anos e de 50 a 59 anos, universitários ou com pós-graduação e com 10 a 20 salários-mínimos. Trata-se de uma investigação exploratória preliminar sobre um problema presente na vida de muitos de nós. Nosso principal objetivo com este trabalho foi incentivar a produção acadêmica brasileira sobre o tema e sugerir questões para uma possível agenda de pesquisa
Considerando a existência de diferentes modos de lidar com a relação entre saúde e doença, é esperado que diferentes perspectivas do que seria considerado saudável se transformem e se adaptem conforme os contextos os quais se inserem. Todavia, diante de um cenário pandêmico, o que esperar de uma alimentação saudável determinada por blogueiras fitness, apresentadoras de televisão, jornalistas, representantes religiosos, no lugar de nutricionistas e demais profissionais da Nutrição? Perante a iminência do novo coronavírus, que se multiplica e adoece rapidamente populações inteiras, a exposição e determinação do que seriam práticas saudáveis por vozes alheias ao campo científico configura motivo de preocupação em termos de saúde pública, ao ser capaz de popularizar intervenções não comprovadas cientificamente. Dessa forma, conduzidos pela questão \201Ccomo a alimentação saudável tem sido determinada pelos principais sentidos postos em circulação no contexto da pandemia de Covid-19, a partir das obras midiáticas com maior popularidade no Youtube?\201D, neste trabalho adentramos no espiral anacrônico e sincrônico da circularidade cultural em torno da alimentação saudável, para capturarmos e trazermos à luz como diferentes significações e sentidos, por vezes, se camuflam diante de tantas informações e vozes.
A presente dissertação foi inspirada e formulada em paralelo à implantação da pesquisa da Rede de Pesquisas Clínica e Aplicada em Chikungunya (Replick), coordenada pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) que busca, dentre outros objetivos, estabelecer a História Natural da Chikungunya. Enquanto uma doença re-emergente, e com características próximas às doenças negligenciadas, a Chikungunya propicia a identificação única de um cenário de interação e coprodução de conhecimento entre especialistas e leigos, em busca de estratégias e soluções para o manejo da doença. Nesse sentido, o comprometimento da Replick com o engajamento do sujeito na pesquisa é colocado como central, ressaltando tanto as dimensões éticas e da centralidade do sujeito, trazendo contribuições fundamentais para melhores resultados de cuidado integral em saúde. O foco desta pesquisa está na busca por estratégias que deem voz aos sujeitos, possibilitando que a clínica da doença seja explicitada e construída junto com a descrição da vida de cada um dos sujeitos, para que seja possível a construção da história social da doença para além da natural. Nesse sentido, parte-se do conceito de narrativas médicas e do sujeito da pesquisa, seu entrelaçamento com a construção social da doença e, por meio de uma imersão na literatura cientifica, busca-se identificar se e como essa estratégia pode ser utilizada na Replick e em demais pesquisas biomédicas e ensaios clínicos, de forma a propiciar a construção de uma memória da Chikungunya a partir das narrativas dos pacientes participantes da pesquisa clínica.
A epidemia do Zika vírus que irrompeu no Brasil nos anos recentes trouxe à luz, junto com inúmeros desafios para o campo científico e a gestão em saúde, uma perspectiva de cuidado pouco discutida para com as crianças acometidas por transtornos neurológicos: a demanda por órteses, próteses e materiais especiais (OPME). De fato, a área de tecnologias assistivas parece ter ainda pouca visibilidade e interesse no campo acadêmico, o que se configura como um desafio a ser vencido no âmbito das políticas orientadas para a Pessoa com Deficiência (PcD). O hiato parece ser maior quando se lança o olhar sobre as oportunidades abertas pelas tecnologias de impressão 3D, as quais, teoricamente, abrem um leque de oportunidades para a produção de OPMEs de forma mais rápida e com baixo custo. É nesse contexto que se insere a presente pesquisa, que atua na linha 1 Produção, Organização e Uso da Informação em Saúde" do PPGICS e que objetiva traçar um panorama exploratório, sobre a produção de conhecimento em impressão 3D para OPMEs, com foco na produção científica, patentes e grupos de pesquisa estabelecidos no país. Adicionalmente, a pesquisa procura traçar, também de forma exploratória, o potencial de uso desses conhecimentos e competências pelo Sistema Único de Saúde (SUS), explorando uma dimensão da Rede de Cuidado da Pessoa com Deficiência (RCPD), ou seja, buscando pelos pontos de atenção à saúde para a PcD que poderiam fazer uso desses conhecimentos. Aqui, o foco é na dimensão territorial, na proximidade entre pontos de produção e uso de conhecimento, o que facilitaria o processo de translação do conhecimento. Nesse sentido, o caminho metodológico se fez tanto pela análise de fontes de informação científica e tecnológica no tema como pela identificação e territorialização dos pontos de atenção da RCPD. Esta pesquisa buscou desenvolver um panorama descritivo sobre o real e o potencial de utilização de impressão 3D para OPME no SUS, como a produção do conhecimento e desenvolvimento tecnológico nacional está respondendo às necessidades das crianças com deficiências motoras e assim conhecer os caminhos de oportunidades em inovação para a saúde pública brasileira.
As arboviroses como a Chikungunya são de grande relevância na saúde pública, devido à inexistência de apoio laboratorial eficiente, a falta de medidas imunoprofiláticas, a possibilidade de causar quadros crônicos, a falta de terapia específica, pela ausência de tratamento, vacinas e medidas efetivas de prevenção e controle, relegando o tratamento ao controle sintomático das manifestações clínicas. Considerando que já existe um esforço expressivo na produção de conhecimento em Chikungunya, predominantemente, a partir de países onde os maiores surtos epidêmicos ocorreram nos anos recentes, encontra-se relevante o estudo de dimensões como o espaço ético nas pesquisas clínicas sobre Chikungunya, que coloca em foco a relação entre pesquisador e sujeito de pesquisa, suscitando o encontro de mundos conflitantes, o saber biomédico e o saber leigo. Nesse sentido, de forma exploratória, buscou-se identificar estudos clínicos e, a partir da análise da produção cientifica e dos documentos de pesquisa de cada um desses estudos, procurar identificar como se dá, formalmente, o processo de adesão das pesquisas. O percurso metodológico escolhido para seguir nesta investigação é a revisão de escopo, dado que este método permite abordar uma questão de pesquisa exploratória destinada a mapear conceitos-chave e lacunas existentes na literatura, e permite a revisão de diferentes tipos de evidências. A partir dos dados extraídos foram identificados aspectos relacionados aos tipos das pesquisas clínicas e dimensões éticas referentes ao processo de adesão e o acompanhamento dos participantes nas publicações e registros dos estudos selecionados. Foram utilizadas três estratégias para incluir todas as pesquisas atuais relacionadas à pergunta da revisão: pesquisa de bancos de dados bibliográficos, banco de dados de registros de estudos clínicos e pesquisas de fontes complementares, nove bases de dados foram pesquisadas e foram extraídos dados de 244 publicações e documentos de pesquisa. Resultados mostraram que embora se saiba, de que o processo de adesão e o acompanhamento dos participantes nas pesquisas em sua complexidade dependem de vários fatores relacionados com a pesquisa e outros com os participantes e seu entorno, a maior parte dos estudos não informam detalhes relacionados à questão da revisão, evidenciaram-se lacunas de conhecimento que dificultaram a caracterização do espaço ético das pesquisas analisadas. O questionário aberto desenvolvido no percurso metodológico, permitiu a caracterização dos possíveis cenários que envolvem aos participantes no decorrer das pesquisas clínicas sobre Chikungunya.
A partir da relação que se estabelece entre a obsessão pelo corpo e pelo rosto sem rugas, gorduras e volumes indesejados e o envelhecimento da mulher na sociedade contemporânea, esta dissertação aborda as diferentes visões a respeito do papel assumido pelas identidades midiáticas, neste estudo representadas por Maria Odete Brito de Miranda Marques, a Gretchen, que completou 60 anos de idade em 2019. Por meio da análise no Instagram considerado um espaço biográfico nos dias atuais da celebridade, refletimos sobre as narrativas anti-idade com base em suas experiências estéticas, e também sobre as estratégias utilizadas para o gerenciamento do corpo e controle do tempo na discussão do envelhecimento feminino. Como sujeito da experiência e da ação, Gretchen vai em busca de mais visibilidade no âmbito da saúde, da beleza e da juventude, utilizando a rede social para circular a docilização do seu corpo pelo discurso do antienvelhecimento e para reforçar normas de como o corpo feminino deve ser e aparecer. Ao assumir o papel de especialista em estilo de vida, posiciona-se acima do monopólio médico, propagando formas de embelezamento e encorajando técnicas de governamentalidade no cotidiano. Na posição de autoridade, instrui a respeito da prática de exercícios físicos e da realização de procedimentos estéticos \2013 com profissionais médicos ou não médicos. Também em suas narrativas, reafirma o discurso terapêutico contemporâneo, tornando-se exemplo de pessoa que consegue superar as adversidades e conquistar a felicidade por meio da elevada autoestima