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Título: Quem consome fake news consome fake news? Os usos e sentidos atribuídos à ciência e ao jornalismo em grupos sobre COVID-19 no Telegram 

Resumo: Esta tese investiga os discursos sobre ciência e saúde que circulam durante a pandemia de Covid-19 em canais de informação sobre o tema no Telegram. O objetivo é compreender os usos e sentidos atribuídos à ciência e ao jornalismo pelos usuários da plataforma e caracterizar a representação desses dois campos nos processos de desinformação científica em saúde. O estudo sustenta a tese de que não há uma desconfiança generalizada no jornalismo e na ciência, mas uma mudança na lógica de consumo de informações no século XXI: o conteúdo sobre ciência e saúde deixou de ser apenas transmitido pelas instituições e pelos meios de comunicação considerados tradicionais e ganhou novos formatos e opções de acesso (graças à internet e às redes sociais digitais), que nem sempre têm o compromisso com a produção e a transmissão de uma informação precisa e de qualidade. Além disso, surge nesta nova lógica uma outra forma de produção de conhecimento/verdade, que está relacionada à manutenção e ao reforço das crenças pessoais. Indo na contramão dos recentes trabalhos realizados no Brasil sobre o tema, que focam na produção textual e na checagem de fatos, esta investigação parte da perspectiva das mediações (MARTÍN-BARBERO, 1997; MARTÍN-BARBERO, 2018) e como elas se dão no contexto das mídias sociais (RECUERO, 2009) para entender os usos feitos pelos atores sociais dessas mesmas plataformas. Pretende-se com isso estabelecer diálogos teóricos sobre verdade e poder (FOUCAULT, 2013; FOUCAULT, 2016; FERNÁNDEZ-ARMESTO, 2000; CAMPBELL, 2008), os usos dos sistemas peritos (GIDDENS, 1991; MIGUEL, 1999) na contemporaneidade e os sistemas de crença vigentes no advento da pós-verdade (KEYES, 2018; D’ANCONA, 2018; DUNKER, 2017) e marcados pelo fenômeno da desinformação (MASSARANI et al., 2021) e das fake news (SACRAMENTO; PAIVA, 2020). Compreendendo a linguagem como uma forma de prática social (FAIRCLOUGH, 2001), pretende-se fazer um estudo etnográfico-discursivo (MAGALHÃES; MARTINS; RESENDE, 2017; MAGALHÃES, 2019; RESENDE, 2008) com os usuários dos grupos sobre Covid-19 no Telegram Médicos pela Vida, Vacinacv19_relatos e Canal da Dra. Roberta Lacerda, em que os métodos etnográficos (observação não-participante, notas de campo e entrevistas em profundidade) serão usados para a geração e coleta de dados entre os anos de 2021 e 2023. Em seguida, o corpus textual será analisado sob a ótica da Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2003) associada à Linguística Sistêmico-Funcional (HALLIDAY, 1991). Com isso, espera-se identificar as escolhas e os usos de fontes e meios de informação sobre ciência e saúde pelos usuários do Telegram, analisar a forma como eles se relacionam com esse tipo de conteúdo e, por fim, investigar os processos de circulação e consumo da desinformação científica sobre saúde na referida plataforma.

Aluna: Ana Carolina Pontalti Monari 

Orientador: Igor Sacramento (PPGICS/Icict/Fiocruz) 

Bancas  

Titulares  

Kizi de Oliveira Mendonça  (PPGICS/Icict/Fiocruz) 

Thaiane Moreira de Oliveira  (PPGCOM/UFF) 

Suplente 

Wilson Couto Borges (PPGICS/Icict/Fiocruz) 

Data: 18/08/2022 – quinta-feira / Horário: 14h 

Local: Sala 410 – Prédio Sede do Campus Maré 

 

Data
Local
Sala 410 – Prédio Sede do Campus Maré