As advertências sanitárias no maço de cigarrospolítica pública e prática comunicativa do Sistema Único de Saúde

Este trabalho busca compreender os processos que levaram à utilização do conceito de aversão ao tabaco e seus efeitos na produção das advertências sanitárias, bem como a forma com que foram apropriados pela população, analisando documentos do acervo do movimento antitabagista (textuais, bibliográficos e fotográficos) a fim de interpretar as trajetórias histórica, política e social das condições de circulação e, eventualmente, apropriação das imagens de advertências sanitárias. Ainda, em que medida a ampliação do conceito de aversão pode ser pensada em relação aos princípios de comunicação e saúde pressupostos pelo Sistema Único de Saúde. Ademais, investiga as negociações e conflitos, os porta-vozes, as estratégias usadas e os discursos envolvidos nessa rede de relações que resultam na declaração dessas advertências como política pública. Com este objetivo, são realizadas 61 entrevistas semiestruturadas em todo o país, envolvendo os responsáveis pela produção das imagens aversivas de 2008, além de 40 diretores das Escolas Técnicas do SUS e 20 coordenadores estaduais do Curso de Formação aos Agentes Comunitários e Auxiliares e Técnicos de Enfermagem em crack, álcool e outras drogas. O corpus de análise dos discursos escrito e oral estará alinhado ao postulado da Semiologia dos Discursos Sociais, que os consideram práticas inseridas em um dado contexto. Seus fundamentos teóricos são empregados para embasar meu olhar sobre o objeto da pesquisa A interseção de documentos com as vozes da produção e do campo fizeram aflorar outros caminhos além do aversivo: surge um comunicar diferente para o público que não é afetado pelas imagens em circulação, como imagens de humor, biográficas, narrativas, testemunhais. Registraram o uso da hipermídia, conectando as imagens a filmes de longa e curta-metragem, sites e redes sociais, para dar transparência e aumentar a participação de todos, alinhado aos princípios do SUS. Finalmente, sublinha a falta de consenso entre as políticas do Estado que enfraquecem a construção de uma comunicação (teórica e prática) em saúde pública dentro do governo e dele com a sociedade. Concluiu-se que o apelo às sensações aversivas nas imagens das advertências, ao ser apropriado pela população, distancia-se dos princípios da comunicação em saúde pública dialógica, informativa e participativa

Orientador
Ana Paula Goulart
Autor
Ester Cristina Machado Ruas
Citação

As advertências sanitárias no maço de cigarros: política pública e prática comunicativa do Sistema Único de Saúde. 2016. 382f. Tese (Doutorado em Informação e Comunicação em Saúde) - Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Rio de janeiro, RJ, 2016

Ano
2016
Banca (Integrantes PPGICS)
Katia Lerner
Wilson Couto Borges
Banca (Integrantes Externos)
Ana Paula Goulart Ribeiro
Igor Sacramento
Paulo Vaz
Nilson Moraes
Patrícia D ́Abreu
Tipo de documento
Tese