Exercendo políticas de invisibilidade: uma análise interseccional das relações entre comunicação e saúde do homem negro no Brasil

A presente dissertação tem como objetivo iniciar um debate sobre a ausência de políticas de comunicação em saúde e dos estudos preocupantes à saúde do homem negro. Para tanto, verifica-se a ocorrência das discussões de gênero no contexto do Sistema Único de Saúde, com ênfase em ações que fazem parte do escopo da saúde pública e coletiva, como a Política de Saúde Integral da População Negra e a Política Nacional de Saúde do Homem. Nessa perspectiva, torna-se fundamental a purificação dos conceitos de “masculinidade hegemônica” e “masculinidades subalternizadas” para que seja possível, então, compreender o advento e a localização no imaginário social das masculinidades negras. Isto posto, intui-se verificar suas especificidades enquanto grupo social, de modo a localizá-lo no âmbito das disputas de poder que, atravessadas pelo racismo, pelo sexismo e pelo classicismo, conferem a esses sujeitos o esquecimento nas ações de saúde de organizações de promoção de políticas públicas, contribuindo, assim, com a ocorrência das manifestações da Necropolítica, apresentadas por Mbembe, do Racismo Estrutural, conceituado por Silvio de Almeida e, principalmente, do Genocídio do negro brasileiro proposto por Abdias do Nascimento. Foi, portanto, realizada a coleta de dados por meio do levantamento nos acervos do Portal de Periódicos da CAPES e do Banco de Recursos Audiovisuais em Saúde da VídeoSaúde. Dessa forma, analisamos, de forma crítica, os itens que abordamos em coerência com o tema da promoção à saúde do homem negro brasileiro e que possibilitaram levar à compreensão dos esforços realizados para alcançar esse grupo. Os resultados obtidos por meio do levantamento demonstram, porém, uma grande lacuna na produção acadêmica sobre o tema. Com isso, a pesquisa foi redesenhada, pautando-se na Metodologia da Problematização de Berbel e na análise de dados. Desse jeito, buscou-se compreender – com base na experiência da construção da pesquisa – como a saúde do homem negro é vista pela saúde pública brasileira. Constatou-se, assim, a negligência e a ausência de propostas de soluções a fim de corrigir os problemas existentes. Além disso, evidencia-se o potencial das ferramentas de busca, que traz a invisibilização de dados étnicos minoritários e os efeitos deletérios causados ​​pela interseccionalidade entre raças, gênero e classe em um país que celebra a falácia da democracia racial.

Orientador
Igor Pinto Sacramento
Autor
Thamires Gonçalves Pinto
Citação

PINTO, Thamires Gonçalves. Exercendo políticas de invisibilidade: uma análise interseccional das relações entre comunicação e saúde do homem negro no Brasil. 2023. 92 f. Dissertação (Mestrado em Informação e Comunicação em Saúde) -  Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde, Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2023.

Ano
2023
Palavras-chave
Políticas de Saúde
Saúde do Homem
Estudos de gênero
Racismo
Masculinidade
Banca (Integrantes PPGICS)
Daniela Muzi
Banca (Integrantes Externos)
Julio César Alcântara dos Santos Sanches de Sousa (CES/UC)
Tipo de documento
Dissertação