Gênero, Ciência & Tecnologia e Saúde: apontamentos sobre a participação feminina na pesquisa na Fundação Oswaldo Cruz

Trata-se de um estudo descritivo-exploratório, de caráter quantitativo, que teve por objetivo delinear a participação feminina no esforço de pesquisa realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), especialmente nos anos recentes. A fonte inicial para levantamento de dados foi a Diretoria de Recursos Humanos (Direh) da Fiocruz, com vistas a identificar o contingente de servidores e servidoras com titulação de doutorado. Até maio de 2012, havia na Fiocruz um total de 1.064 servidore(a)s com titulação de doutorado, sendo 654 (61,5%) mulheres e 410 (38,5%) homens. Consulta ao Portal Transparência (http://www.portaltransparencia.gov.br/), permitiu identificar o total de servidore(a)s que entraram por concurso público, e que no momento do estudo possuíam titulação de doutorado, identificou um total de 571 servidore(a)s, sendo 346 (60,6%) mulheres e 225 (39,4%) homens. A partir desse universo, o passo seguinte foi a busca dos respectivos currículos cadastrados na Plataforma Lattes, utilizando-se a ferramenta ScriptLattes (http://scriptlattes.sourceforge.net). As análises realizadas cobriram o período 1996-2013. Esse conjunto de currículos foi baixado em uma base de dados especialmente desenhada para recebê-los e, em seguida, o total de referências foram migradas e tratadas em um software de mineração de dados, o VantagePoint®, o que permitiu análises quantitativas da produção acadêmica e técnica, das orientações, do acesso às bolsas de produtividade e de prêmios. Em paralelo, uma segunda perspectiva de análise documental foi realizada com vistas a mapear a participação feminina em postos de tomada de decisão na Fiocruz. Os resultados apontam que ainda que a produção bibliográfica das mulheres em números absolutos seja maior que a dos homens, a média de artigos publicados pelos homens (19,2 artigos/homem) é 51,6% maior que a produção pelas mulheres (12,6 artigos/mulher). No grupo das produções técnicas, as mulheres apresentam produção superior a dos homens. Em relação às orientações, os homens assumem maior número orientações de doutorado que as mulheres. As mulheres superam os homens nas orientações Lato Sensu. No total de projetos de pesquisa, os homens apresentam uma produção superior (11,5%) às mulheres. No que diz respeito à bolsa de Produtividade do CNPq, os homens também predominam, ainda que a proporção de bolsistas mulheres cresça nas diferentes modalidades, mas diminui na medida em que cresce o nível hierárquico da bolsa. Os dados parecem ainda confirmar estudos prévios no que diz respeito à presença feminina na área pesquisa em Ciências Biológicas (38,41%), ainda que as Ciências da Saúde respondam também pela presença feminina de forma equivalente (31,94%). Os dados sugerem, no geral, segregação hierárquica (ou vertical), fenômeno conhecido na literatura como “teto de vidro”, caracteriza-se pela menor velocidade na ascensão da carreira pelas mulheres, em comparação com a progressão profissional masculina, o que resulta na sub-representação das mulheres nos postos de tomada de decisão e, consequentemente, limita o alcance de posições de maior prestígio na Instituição.

Orientador
Maria Cristina Soares Guimarães
Autor
Jeorgina Gentil Rodrigues
Citação

RODRIGUES, Jeorgina Gentil. Gênero, Ciência & Tecnologia e Saúde: apontamentos sobre a participação feminina na pesquisa na Fundação Oswaldo Cruz. 2014. Tese (Doutorado em Informação, Comunicação em Saúde) – Fundação Oswaldo Cruz, Instituto de Informação Científica e tecnológica em Saúde, Rio de Janeiro, 2014.

Ano
2014
Palavras-chave
Gênero e Ciência
Produção Científica Feminina
Fundação Oswaldo Cruz
Banca (Integrantes PPGICS)
Cicera Henrique da Silva
Rosany Bochner
Banca (Integrantes Externos)
Jacqueline Leta
Lucia De La Rocque
Gilda Olinto de Oliveira
Tipo de documento
Tese