A tuberculose pulmonar (TBP) é a forma mais frequente, sendo responsável pela manutenção da cadeia de transmissão da doença. No Município do Rio de Janeiro (MRJ), a TBP continua sendo um desafio significativo para a saúde pública. O óbito por TBP é considerado um evento sentinela, que pode indicar falhas no sistema de saúde e ajudar a identificar áreas prioritárias para a atuação da Vigilância em Saúde (VS). Este estudo teve o objetivo de analisar a relação espacial dos óbitos, da mortalidade e da letalidade por TBP no MRJ, de 2016 a 2021, em relação aos índices sobre as condições de vida e indicadores de qualidade do cuidado, além de sugerir estratégias de divulgação científica (DC) dos resultados para fortalecer as ações de VS. Foi adotada uma abordagem quantitativa (estudo ecológico) e qualitativa (estratégias de divulgação científica). Realizou-se uma análise espacial multimétodo dos óbitos e dos casos de TBP residentes no MRJ, georreferenciados por setores censitários, procedentes dos sistemas SIM e SINAN. Foram analisados 38181 casos e 1399 óbitos, com visualização por bairros e Áreas de Planejamento em Saúde (AP), o que facilitou a sugestão de estratégias de DC dos resultados. O perfil sociodemográfico dos óbitos relevou a predominância de homens, de 50 a 69 anos, com pouca escolaridade, de raça/cor negra, solteiros e que mais da metade tinha uma ocupação remunerada. O relacionamento entre os bancos de dados do SIM e do SINAN identificou que 30% dos óbitos não foram registrados no SINAN, indicando falhas no acesso ao tratamento oportuno e efetivo Dos sete indicadores elaborados por AP para avaliar a qualidade do cuidado relativo à VS, dois apresentaram os piores desempenhos: o da Integralidade referente ao percentual de óbitos que ocorreram em unidades de saúde dos níveis de atenção secundário e terciário notificados antes do desfecho, por Unidade Básica de Saúde (UBS), e o de Adequação/conformidade ao preconizado, que é a proporção de óbitos da população convencional notificados antes do desfecho, por UBS. Quanto as condições de vida da população carioca a correlação espacial mais forte para a mortalidade e a letalidade foi com o Índice Brasileiro de Privação, evidenciando 47 setores censitários prioritários para atuação da VS, localizados em 20 bairros, abrangendo nove APs. Com os resultados deste estudo, esperase contribuir para o alcance das metas de eliminação da TB no MRJ até 2035, em consonância com o “Plano Nacional pelo Fim da Tuberculose como Problema de Saúde Pública”, de 2017.
ESTEVES, Maria Angela Pires. Mortalidade por tuberculose pulmonar no município do Rio de Janeiro: da abordagem espacial à divulgação científica. 2024. 187 f. Tese (Doutorado em Informação e Comunicação em Saúde) - Programa de Pós-graduação em Informação e Comunicação em Saúde, Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, 2024.