O consumo prejudicial à saúde de álcool no Brasil : análises transversais de duas edições da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013 e 2019

O álcool pode ser considerado uma substância que propicia a integração entre os indivíduos por possuir características facilitadoras das interações sociais. Porém, apesar de estar atrelado a festividades e celebrações, o consumo nocivo dessa substância pode estar associado a diversos agravos de saúde e até à morte. O beber pesado e o beber e dirigir se configuram como dois comportamentos prejudiciais à saúde que são monitorados em âmbito nacional e internacional para prover subsídios às políticas públicas no enfrentamento dos problemas de saúde provocados pelo uso do álcool. A presente tese tem o objetivo de analisar o hábito de beber pesado e o comportamento de beber e dirigir, investigando suas características sociodemográficas e os fatores associados a esses hábitos. Trata-se de um estudo transversal que utilizou dados de duas edições da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizadas em 2013 e 2019, e dados da Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN). Foi possível verificar que 6,1% (IC95% 5,8 – 6,4%) dos brasileiros tinham o hábito de beber pesado em 2013 e 7,3% (IC95% 6,9 – 7,6%) em 2019. Nas duas edições da PNS observou-se um gradiente de diminuição do beber pesado durante a vida, com as maiores prevalências entre os adultos jovens, entre os homens, com baixo nível de escolaridade, entre os solteiros e residentes da área urbana. Os dados também mostraram que a prevalência do hábito de beber e dirigir foi maior entre os homens em 2013 (27,4%; IC95% 25,6 – 29,3%) e 2019 (20,5%; IC95% 19,4 – 21,7%) do que entre as mulheres (11,9%; IC95% 9,9 – 14,2% e 7,2%; IC95% 6,7 – 9,0%, respectivamente) e que estimativas significativamente mais altas foram apresentadas por pessoas de 30 a 39 anos, que vivem sem companheiro(a), residentes em áreas rurais, condutores de motocicleta. Maiores prevalências de beber e dirigir foram encontradas entre homens que possuem maior rendimento. Entre 2013 e 2019, foi observado um decréscimo significativo no beber e dirigir em todas as Unidades da Federação (UF), exceto no Tocantins. As análises também mostraram baixas aplicações de infrações em partes da região Norte e no Nordeste, no ano de 2019. Os resultados encontrados nessa tese expõem a necessidade de maiores intervenções para combater o consumo nocivo de álcool, adotando estratégia para diminuir o beber pesado e beber e dirigir nos subgrupos populacionais mais vulneráveis.

Orientador
Celia Landmann Szwarcwald
Segundo orientador (externo)
Giseli Nogueira Damacena
Autor
Lucas Sisinno Ribeiro
Citação

RIBEIRO, Lucas Sisinno. O consumo prejudicial à saúde de álcool no Brasil: análises transversais de duas edições da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013 e 2019. 2022. 157 f. Tese (Doutorado em Informação e Comunicação em Saúde) - Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2022.

Ano
2022
Palavras-chave
Consumo de bebidas alcoólicas
Estilo de vida
Dirigir sob a influência
Acidentes de Trânsito
Inquéritos de saúde
Brasil
Banca (Integrantes PPGICS)
Cristiano Siqueira Boccolini
Paulo Roberto Borges de Souza Junior
Banca (Integrantes Externos)
Deborah Carvalho Malta, UFMG
Raquel Brandini De Boni, Icict / Fiocruz
Tipo de documento
Tese