O documentário nas lutas emancipatórias dos movimentos sociais do campo: produção social de sentidos e epistemologias do Sul contra os agrotóxicos e pela agroecologia

A tese analisa o papel do cinema documentário produzido no contexto das lutas de movimentos sociais do campo que, de um lado, denunciam o uso intensivo dos agrotóxicos pelo agronegócio e seus impactos na saúde e, de outro, anunciam como alternativas a construção de outro modelo agrícola baseado na agricultura familiar e na agroecologia. Os documentários são compreendidos a partir de dois referenciais teóricos que envolvem e buscam articular duas dimensões, a comunicacional e a epistemológica. A primeira dimensão compreende os documentários como estratégia de comunicação e pluralidade de vozes, enquanto textos e contextos ancorados na teoria da produção social dos sentidos e em conceitos como dialogismo e polifonia provenientes da obra de Bahktin. A segunda dimensão incorpora a obra de Boaventura de Sousa Santos e sua proposta de epistemologias do Sul, incluindo conceitos como pensamento abissal, ecologia de saberes, sociologias das ausências e das emergências, e metodologias colaborativas não extrativistas. As dimensões comunicacionais e epistemológicas foram analisadas a partir de três lugares de interlocução, que se relacionam na produção dos filmes: a dos movimentos sociais, dos pesquisadores militantes principalmente no âmbito da saúde coletiva, e dos cineastas engajados nas lutas sociais. Foram selecionados três documentários para a análise de sua produção: “O Veneno está na Mesa”; “Chapada do Apodi, Morte e Vida”; e “Nuvens de Veneno”. A partir de entrevistas com representantes estratégicos dos movimentos sociais, dos cientistas e dos cineastas, foram analisados o contexto (condições de produção) e o texto (o filme em si a partir das cenas que os compõem) para cada documentário e em seu conjunto. Na análise conjunta dos filmes foram destacadas três questões de interesse: polifonia e sociologia das ausências, ecologia de saberes, e por fim metodologias colaborativas não extrativistas. Concluímos que os documentários analisados contribuem, pela capacidade de reunir ciência, arte e ética com práticas de co-labor-ação, co-produção e cocriação para criar novas estratégias comunicacionais e epistemológicas.

Orientador
Inesita Soares de Araujo
Autor
Marina Tarnowski Fasanello
Citação

FASANELLO, Marina Tarnowski. O documentário nas lutas emancipatórias dos movimentos sociais do campo: produção social de sentidos e epistemologias do Sul contra os agrotóxicos e pela agroecologia. 2018. 310 f. Tese (Doutorado em Informação e Comunicação em Saúde)-Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2018.

Ano
2018
Palavras-chave
Documentários Cinematográficos
Conhecimento
Agricultura Sustentável
Práticas Interdisciplinares
Banca (Integrantes PPGICS)
Inesita Soares de Araujo
Márcia de Oliveira Teixeira
Banca (Integrantes Externos)
Raquel Maria Rigotto
João Arriscado Nunes
Tipo de documento
Tese