O poder decisório em saúde no Brasil: gestores, informação e o cuidado à saúde

O processo decisório envolve a escolha entre alternativas distintas de ação, por meio de caminhos entre o estado existente e o estado desejado do sistema. Deste modo, o objeto de estudo empírico desta tese tem por foco o uso e gestão da informação no processo de tomada de decisão, concentrando-se nos gestores de saúde que são considerados também como usuários de informação. Parte-se do pressuposto de que a consolidação de um modelo de gestão em saúde orientado para o aprimoramento do cuidado requer a aplicação da governança da informação e tecnologia da informação em saúde. O uso da informação no processo decisório em saúde tem o potencial de melhorar a qualidade dos sistemas de saúde ao integrar agentes, processos de trabalho e fluxos, podendo também ser responsável pela redução de custos e pela partilha e transmissão de informação, impactando diretamente sobre o cuidado à saúde dos pacientes. No entanto, existe atualmente um desafio no que concerne ao modo como estas informações são produzidas e utilizadas, havendo, por exemplo, uma defasagem entre o volume e a velocidade com que se produz e disponibiliza informação atrelada à capacidade dos agentes em utilizá-la. Adicionalmente, a forma como esta informação é gerida pode ser alterada consoante os governos e lideranças, e suas respectivas prioridades. O objetivo geral foi avaliar a contribuição do uso e gestão da informação em saúde para o processo decisório de gestores de saúde em setores da administração pública a fim de aprimorar o cuidado à saúde. O método utilizado consistiu em usar uma abordagem qualitativa para detalhar a complexidade de um tema dinâmico como é a Saúde Foi realizado um estudo de caso comparativo, no Rio de Janeiro, entre as esferas municipal, estadual e DATASUS, da esfera federal, realizando-se entrevistas com nove agentes. Adicionalmente, foram incluídos documentos de gestão, cujo método de análise consistiu numa associação entre Análise de Conteúdo e uma adaptação da Teoria Fundamentada. Após a análise dos resultados, foi possível concluir que os gestores de maior hierarquia dispendem a maior parte do seu tempo em processos de decisão centrados nas doenças agudas transmissíveis. A informação é pouco utilizada neste processo decisório, sendo apontada, como principal causa, a fragilidade dos Sistemas de Informação em Saúde. O tipo de informação mais utilizada é a epidemiológica, compatibilizada com as informações administrativa e financeira, bem como a informação científica. Notou-se um desconhecimento dos agentes acerca das etapas do ciclo de vida da informação, com o gerenciamento deste ciclo dependente do gestor que aplica a sua visão de curto e médio prazo sobre como efetuar tratamento da informação. Por fim, a proposta teórica que liga a tríade de gestão da informação com a do processo decisório, através da comunicação, permitindo a união e reorganização sustentada e recíproca das inter-relações foi analisada. Recomenda-se aos entes federativos uma ampliação da comunicação e do intercâmbio de experiências a favorecer o aprendizado mútuo e aproveitamento de soluções já implementadas, desenvolvendo comunicação estratégica, assim como enfatizar a coordenação e integração dos processos e fluxos.

Orientador
Josué Laguardia
Autor
Vanessa de Lima e Souza
Citação

SOUZA, Vanessa de Lima e. O poder decisório em saúde no Brasil: gestores, informação e o cuidado à saúde. 2018. 280 f. Tese (Doutorado em Informação e Comunicação em Saúde)-Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde, Fundação Oswaldo Cruz, 2018.

Ano
2018
Palavras-chave
Gestor de Saúde
Tomada de Decisões
Comunicação em Saúde
Gestão da Informação
Tipo de documento
Tese