Pesquisadores e alunos debatem os 10 anos da Política de Acesso Aberto na Fiocruz

Foi refletindo sobre a diversidade que Matheus de Paula, doutorando e representante dos alunos no Programa de Pós-graduação em Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS), abriu a 6ª Jornada Discente 2024 nesta terça feira (06/08) pela manhã. Ele se apresentou como pessoa não binária, destacando a importância da construção de uma ciência diversa, inclusiva e que enfrente as desigualdades. O evento, organizado pelos estudantes do programa, teve como tema “Ciência Aberta: trajetórias e perspectivas” e a proposta de ser um espaço de troca entre discentes, pesquisadores e professores convidados. Matheus falou sobre o porquê do tema escolhido e apresentou a pergunta norteadora do evento: “Podemos contribuir para um pensamento científico colaborativo, inclusivo e sustentável?”.

Matheus

A Mesa de Abertura contou com a presença de Rodrigo Murtinho, diretor do Instituto de Comunição e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) e professor do PPGICS, Mel Bonfim, vice-diretora de Ensino do Icict, e Igor Sacramento, coordenador do PPGICS. Murtinho iniciou sua fala ressaltando o guarda-chuva da ciência aberta, símbolo da Jornada, como um espaço de interdisciplinaridade e que dialoga com as três linhas de pesquisa do PPGICS. Comentou ainda a importância do Repositório Arca como um marco na Fiocruz e como referência para outras instituições na construção de políticas e repositórios de acesso aberto. Mel Bonfim destacou o papel pedagógico da Jornada e todo o processo formativo que o evento agrega para os discentes como organizadores, além do impacto da suspensão de atividades da Instituição na semana do evento. Para a vice-diretora, a luta pelo reconhecimento dos trabalhadores é também uma luta pelo reconhecimento da importância da produção de conhecimento científico no país. Assim, trouxe questionamentos instigantes para dialogar com o tema da Jornada: “O que é produzir conhecimento científico?” e “O que é a ciência, afinal?”.

O coordenador do PPGICS, Igor Sacramento, falou sobre a importância de os discentes conhecerem a instituição e entenderem suas lógicas e, assim, o processo de negociação e de greve em andamento. Ele também ressaltou a ciência aberta como um importante movimento afirmativo em um momento no qual há uma crescente precarização do trabalho de assessoria e editoria científicas. Para Sacramento, a lógica do trabalho voluntário, principalmente na edição, deve ser combatida no setor, uma vez que o acesso é aberto para leitores, mas as publicações cobram cada vez mais de autores e instituições de pesquisa para que sejam publicados. 

Mesa 1

A abertura da Jornada foi seguida de uma reflexão sobre os 10 anos da Política de Acesso Aberto na Fiocruz a partir de falas da professora do PPGICS, Maria Cristina Guimarães, mestre e doutora em Ciência da Informação, e de Claudete Fernandes de Queiroz, doutoranda e mestre em História, Política e Bens Culturais, que atua na coordenação técnica do Repositório Institucional Arca. Com mediação de Fábio Bernardo, doutorando do PPGICS, a primeira mesa temática do evento foi repleta de memórias e emoção. “É a temática da minha vida na Fiocruz”, disse Cristina Guimarães, fazendo referência a Ilma Noronha que, segundo a professora e pesquisadora, lutou para colocar em tela a produção de conhecimento com o objetivo também de apoiar ações em saúde. Para ela, “até os anos 90, tudo o que se conhecia eram dados registrados em sistemas de informação em saúde. E eles nos diziam sobre o que já perdemos, em termos de doença e morte”. Cristina destacou também as transformações e os avanços no campo desde então e a importância de se construir memórias: “O problema não é a perda da memória individual, mas da memória institucional”, afirmou, recapitulando a história do Icict. A professora exaltou a presença de profissionais bibliotecários no PPGICS, lembrando que “Ilma Noronha era apaixonada por bibliotecas. Tinha a profunda convicção de que a revolução do conhecimento viria pelas bibliotecas”. 

Claudete Queiroz falou sobre o repositório institucional da Fiocruz, o Arca, e a ciência aberta como um movimento global em defesa do acesso livre e irrestrito à literatura científica e aos dados de pesquisa. Trouxe um breve histórico da Política de Acesso Aberto ao Conhecimento da Fiocruz. Publicada em 2014, a política tem como principal instrumento de gestão da informação científica o Repositório Arca. Claudete Queiroz abordou ainda o ciclo de vida dos dados e a importância dos profissionais bibliotecários na gestão do sistema, além de apresentar estatísticas do Repositório. Destacou também que a Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde (Reciis) foi a primeira revista científica a entrar de forma completa no Arca. Além disso, apontou a importância do papel do Arca no combate às fake news, sendo um repositório de acesso responsável em prol da saúde pública.

Mesa 2

Finalizando a apresentação da mesa, a professora Maria Cristina Guimarães convidou a discente Maria Luiza de Carvalho, autora da ilustração da 6ª Jornada Discente e das canecas presenteadas aos palestrantes pela comissão organizadora do evento, para comentar o conceito da arte. Malu explicou que o guarda-chuva da ciência aberta abarca o pesquisador, a interdisciplinaridade e outros símbolos pilares da ciência aberta, além de valores como saúde, SUS e comunicação, somadas às cores do Icict e do PPGICS. Um convite à diversidade em todos os campos do conhecimento.

Malu de Carvalho

Para conferir a apresentação de Claudete Fernandes de Queiroz na 6ª Jornada Discente do PPGICS, clique aqui

Crédito
Yasmine Saboya
Galeria de imagens
Fabio Bernardo
Publico Jornada 2024
Plateia Jornada Discente
Publico Jornada 2024
Discentes Jornada 2024
Apresentação Claudete
Discente Jornada 2024
Data de publicação
3 months 1 week atrás