Resumo: Nos anos recentes, a literatura internacional sobre Doença de Chagas (DC) vem, novamente, ganhando corpo dentro do rol das Doenças Negligenciadas (DN), com o alerta que ela é a mais negligenciada. Silenciosa e silenciosa. São apontados vários fatores para tal invisibilidade, que emergem tanto da pesquisa como das políticas públicas que, invariavelmente, têm uma relação estreita com a vulnerabilidade social e econômica da população principalmente acometida, especialmente nas Américas. Até o final do século XX, as estratégias de controle da DC tinham seu foco na transmissão vetorial/transfusional, o que mobilizou a orquestração de uma grande cooperação internacional para seu enfrentamento no Cone Sul. Na atualidade, e particularmente por força da intensificação dos movimentos migratórios, em perspectiva global, cresce o interesse e se intensifica o foco na transmissão vertical/congênita, o que possibilitou que a DC ultrapassasse as fronteiras territoriais, do Sul para o Norte, e se tornasse uma potencial “ameaça” para os países desenvolvidos. Na perspectiva dos Estudos de Informação, tais movimentos podem ser analisados à luz do conceito de “regimes de informação”, ou seja, uma articulação de políticas (de pesquisa e de práticas) e interesses, de vários atores, em perspectiva internacional, que culminam em imprimir novas dinâmicas na produção de conhecimento. Um ponto focal para descrever os regimes de informação remetem à perspectiva documental e ao fluxo de informação que coordena a ação entre vários atores. O presente projeto objetiva investigar e descrever, a partir da perspectiva da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), um atorchave no enfrentamento da DC nas Américas, como vem se dando a emergência desse novo regime para enfrentamento da doença. De caráter exploratório, qualitativo e descritivo, somando pesquisa bibliográfica, pesquisa documental e entrevistas com atores-chave da OPAS e do governo brasileiro que participaram das estratégias de enfrentamento da DC, o estudo visa explicitar uma possível alternância nos regimes de informação que orientam as políticas na temática, promovendo visibilidades/invisibilidades nos programas de controle da DC ao longo das décadas, o que corroboraria para uma fragilidade nos programas locais (no caso, brasileiro) de enfrentamento da doença.
Aluna: Dayse Carias Bersot
Orientadora: Maria Cristina Soares Guimarães (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Banca:
Titulares
Dr.a Rosane Abdala Lins (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Dr. Alberto Novaes Ramos Junior (DSC/FAMED/UFC)
Suplente
Dr.a Cícera Henrique da Silva (PPGICS/Icict/Fiocruz)