A parte da manhã da Jornada Discente contou também com o lançamento de três livros de egresso e egressas do PPGICS, parte da coleção “Saúde: Comunicação e Informação”, que tem como objetivo principal fazer circular, em formato de livro, o conhecimento produzido por docentes, discentes e egressos do Programa. A proposta da coleção é, em editais específicos, privilegiar a publicação de livros autorais (teses e dissertações de alunos e alunas) e coletâneas que permitam dar a ver a redes nacionais e internacionais de pesquisa e produção de conhecimento que contribua para a área de concentração do PPGICS: Configurações e Dinâmicas da Informação e da Comunicação em Saúde”.
A jornalista, professora, pesquisadora e egressa do PPGICS, Daniela Muzi, lançou o livro “Youtube-se: circulação e condições de visibilidades de vídeos sobre saúde na internet”, adaptado da sua tese de doutorado.
A jornalista, tecnologista em saúde pública na Fiocruz, Nicole Fajardo Maranha Leão de Souza, por sua vez, falou sobre o livro "Literacia digital em saúde: o papel das condições socioeconômicas de jovens brasileiros no uso da informação sobre saúde na internet" — fruto da sua dissertação de mestrado.
Rodolfo Paolucci, autor do livro “Avaliação da qualidade da informação em sites de saúde: indicadores de acurácia baseada em evidência para tuberculose”, também parte da Coleção, não pôde estar presente ao evento.
Daniela e Nicole destacaram as complexidades do percurso acadêmico, a importância de compartilhar a trajetória com colegas que também estão vivendo este momento intenso e a grata surpresa de terem recebido menções honrosas pelo Prêmio Compós de Teses e Dissertações, em 2020.
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Especificamente sobre o processo de pesquisa, Daniela Muzi deu ênfase à importância de olhar para erros e acertos como uma forma de aprendizado e evolução. Sua pesquisa de doutorado partiu de perguntas relacionadas diretamente à sua carreira, voltada principalmente para questões de comunicação, tecnologia, cultura e saúde, e a vontade de querer saber mais sobre sua vida profissional e acadêmica: “Por que determinados vídeos de saúde circulam mais do que outros? O que determina isso? Como a gente pode potencializar o compartilhamento e a circulação de informações em saúde entendendo que a informação e o direito à comunicação são fundamentais garantia de outros direitos?”.
Daniela afirma que, na busca por respostas, entendeu que erros levam a novas tentativas e, por isso, a tese e o livro não trazem uma história dos vencedores, mas de pequenas e diversas conquistas: “É um processo. O mais interessante é a montagem do método para conseguir entender essas questões. Fui aprendendo muito mais com os erros do que com os acertos. Essa é a vida do pesquisador. Tem muito mais suor. A partir do conceito da comunicação como mercado simbólico, da professora Inesita Soares de Araujo, criei um novo mapa de comunicação para mapear a circulação desses vídeos e entender essas questões”.
Daniela também fez questão de encorajar os discentes de mestrado e doutorado: “A gente passa dois ou quatro anos difíceis e intensos, mas tudo passa. A gente dá conta. A gente produz e a gente realiza. Às vezes, a gente acha que não vai dar certo, mas vai. Eu, particularmente, passei por momentos muito difíceis em meio à pandemia. Defendi minha tese na pandemia e não pude ganhar um abraço, nem da minha mãe. Em determinado caminho, minha orientadora Janine Miranda, que sempre me deu a mão, disse: vai, agora é com você”.
Assim como Daniela, a pesquisadora Nicole Souza falou sobre os principais desafios e as motivações durante o processo da sua pesquisa de mestrado em um contexto de adversidades impostas pela pandemia e pelo tempo de duração do curso.
“Por estar na Fiocruz, virei o ‘ponto de checagem’ de familiares sobre as informações relacionadas à saúde em meio à pandemia. Recebia mensagens no WhatsApp para checar informações e aquilo me incomodou. No início do mestrado, juntei tudo isso e levei para a pesquisa. Para Nicole, o maior desafio foi pesquisar com as pessoas, mesmo sabendo das dificuldades, como o tempo curto do mestrado e passar pelo comitê de ética: “Eu não tinha certeza se iria conseguir, mas a partir do momento que você assume o que quer, você faz”.
Mesmo tendo encarado o desafio de desenvolver um trabalho de campo lançando mão de uma metodologia quanti-qualitativa e lidando com os desafios de fazer isso durante a pandemia, Nicole explicitou a insegurança que sentiu durante o processo de pesquisa: “Nunca imaginei que fosse chegar à publicação de um livro. Por isso, digo que é importante confiar no que você tem na cabeça e no trajeto, porque o que nos incomoda pode nos incentiva a ir além. Só fui me dar conta que tinha feito um trabalho razoavelmente bom quando saiu a menção honrosa da Compós. Agradeço ao PPGICS, porque ter a oportunidade de publicar um livro com os resultados da nossa investigação é demais. Fico muito feliz do Programa ter esse cuidado e esse olhar. Tenho certeza que novas teses e dissertações virarão livros”, concluiu.
Os três livros são de livre acesso e podem ser adquiridos, gratuitamente, no site da Genio Editorial. Basta clicar aqui ou no link https://www.genioeditorial.com/nossos-livros.
Fotos: Daniel Lyra