O projeto de pesquisa visa estudar o uso do aparelho celular por jovens moradores da periferia da cidade do Rio de Janeiro, buscando compreender aspectos das suas formas de apropriação e mediações numa sociedade midiatizada. A proposta é problematizar teoricamente as relações entre a imaginação e o celular para refletir sobre os vínculos intersubjetivos e comunicacionais que envolvem a utilização dos dispositivos tecnológicos no cenário digital e midiático atual. Numa etapa inicial, serão aplicados questionários aos participantes (jovens de 19 a 29 anos) de um projeto de comunicação popular coordenado por uma organização não governamental, com apoio da Fiocruz, objetivando realizar o mapeamento de hábitos sobre os usos do celular e do universo midiático digital em territorialidades periféricas. Esse levantamento de indícios gerais subsidiará a realização da etapa seguinte da pesquisa, que consiste no trabalho de escuta e observação etnográfica, acompanhando especificamente as rotinas de vida de três jovens moradores da periferia carioca, no intuito de compreender as mediações e os diferentes usos do celular no universo comunicacional da sociedade. Também serão pesquisadas suas postagens nas redes midiáticas de internet, considerando mensagens, vídeos, fotos etc., a serem interpretadas através de conversas, reflexões compartilhadas e indagações sobre as suas práticas, intencionalidades, lazer, memórias, expectativas, projetos de vida etc. Visando constituir como corpus empírico a descrição deste conjunto de diálogos e observações do trabalho de campo, analisando os tipos de vínculos e interações comunicacionais em contextos periféricos, frente ao cenário discursivo hegemônico da cidade, em meio às múltiplas plataformas da internet e dos meios de comunicação tradicionais. De forma geral, as perguntas iniciais que orientam o projeto tratam sobre os usos comunicacionais dos dispositivos tecnológicos e suas relações com as formas de representação de si. Nesse sentido, o objetivo da pesquisa é compreender como o aparelho celular tem sido utilizado e apropriado por moradores jovens de territórios periféricos, no que diz respeito a seus hábitos comunicacionais e a suas políticas subjetivas nas comunidades às quais estão vinculados. Sob esta perspectiva, considerando o contexto sociohistórico das tecnologias digitais e midiáticas, buscarei questionar e identificar mudanças e continuidades implicadas nos usos do celular e do amplo dispositivo sociotécnico como forma de registro das experiências e histórias de vida, que acompanha as rotinas e a imaginação das pessoas.
Aluno: Paulo Castiglioni Lara
Orientadora: Kátia Lerner (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Bancas:
Titulares
Wilson Couto Borges (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Ana Lucia Silva Enne (PPGCULT/UFF)
Suplente
Inesita Soares de Araujo (PPGICS/Icict/Fiocruz)