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Data
Local
Sala 403 – Prédio Sede Campus Fiocruz Maré
Resumo
Resumo:
A partir da metáfora proposta por Zygmunt Bauman, sobre a liquidez das relações sociais contemporâneas, em que o “eu” se sobrepõe ao “nós”, em todas as esferas da vida: seja pública ou privada, refletimos sobre como os meios de comunicação exercem poder político ao construírem sentidos hegemônicos na sociedade. Assim, a depender de uma ou outra formação ideológica, estaríamos diante de um alcance variável de direitos conferidos ao cidadão. Sendo o direito à saúde, um dos pilares dos direitos sociais, propomos analisar esse fenômeno de uma cidadania sujeita a modulação, conforme os sentidos são construídos pela mídia, em torno de um dos grandes problemas de saúde pública: o tabagismo. O fato de o Brasil ser um dos líderes mundiais na implementação de políticas públicas que seguem as diretrizes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), não o afasta de uma nova ameaça que se impõe em nível global: a difusão dos cigarros eletrônicos. Esse cenário, reflete a histórica arena de disputas de interesses públicos e privados. É relevante destacar que, o sistema de controle do tabaco brasileiro conta hoje com um aparato legal que restringe uma das principais estratégias da indústria: a comunicação comercial de produtos nocivos à saúde. Mas, mesmo diante do sucesso dos órgãos de controle de tabaco para conter essa tática, o tabagismo continua impondo uma alta mortalidade e custos da assistência médica no país. Diante destas reflexões sobre esse fenômeno social complexo, propomos uma questão central à pesquisa, tal seja: em que medida, a cobertura feita pelos órgãos de imprensa contribuem para que o uso de cigarros eletrônicos se naturalize? Nossa hipótese é que, estando fora do espectro da publicidade e da propaganda (que têm campo de atuação restritas), as narrativas contidas nos veículos de comunicação de massa, produzem sentidos que, longe de alertar e/ou advertir, naturalizam o consumo do cigarro eletrônico. Consequentemente, e daí deriva nossa hipótese secundária, temos que a produção de sentidos nas coberturas jornalísticas da Lei Antifumo nos 1990 influenciaram a cobertura jornalística sobre o Projeto de Lei 5008/2023 que visa a liberação da comercialização de cigarros eletrônicos. Fundamentando-se na perspectiva crítica da economia política da comunicação, a pesquisa tem o objetivo de analisar como as narrativas jornalísticas, articuladas com o contexto histórico e político, modulam a construção de sentidos em torno da cidadania e saúde pública, evidenciando disputas ideológicas na arena midiática do controle do tabaco. Para isso, vamos investigar as coberturas midiáticas da Lei 9.294/96 (Lei Antifumo) e do Projeto de Lei 5008/2023, que visa regulamentar a comercialização dos cigarros eletrônicos. Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa. Quanto à abordagem metodológica, optou-se pela análise narratológica em conexão com o método indiciário de Ginzburg (1989), pois explorar narrativas por esse método nos permitirá identificar indícios e padrões que revelam intenções implícitas nas construções discursivas. Esperamos que os resultados desta investigação revelem como as narrativas jornalísticas contribuem para a construção de um imaginário social em torno do tabagismo e do direito à saúde. E por fim, como essas narrativas, ao longo do tempo, influenciam o comportamento coletivo e podem modular o exercício da cidadania ora sob perspectiva neoliberal, ora sob bem-estar social.
Aluna: Juliana Couto Monteiro de Barros
Orientador: Wilson Couto Borges (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Segundo Orientador: Sandro Tôrres de Azevedo (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Banca:
Titulares
- Rodrigo Murtinho de Martinez Torres (PPGICS/Icict/Fiocruz)
- Neilane Bertoni dos Reis (PPGCan/Inca)
Suplente
- Izamara Bastos Machado (PPGICS/Icict/Fiocruz)
Nível
Segundo orientador
PPGICS ou Externo
do PPGICS
Banca